Japão, o país mais cordial do mundo

Para quem sai do Brasil, chegar ao Japão é quase como aterrissar em outro planeta. A boa educação e cordialidade imperam e aparecem a cada instante, em qualquer lugar. “Omotenashi” é a palavra que exprime a honorável “hospitalidade japonesa”. Na prática, omotenashi exprime uma polidez requintada com o desejo de manter a harmonia. Evitar o conflito é seu mantra.

Funcionários em lojas te cumprimentam com uma deferência e um caloroso “iraisshaimase” – bem vindo. Colocam a mão embaixo da tua para evitar que as moedas caiam no chão. Quando você deixa a loja não é raro que te acompanhem até a porta e se curvem até te perderem de vista.

As máquinas também praticam o omotenashi. As portas do táxi se abrem automaticamente quando de tua chegada. O motorista, geralmente de uniforme branco, não espera gorjeta. Elevadores pedem desculpas por terem te deixado esperando. Quando você entra no banheiro, o assento do vaso sanitário se levanta.

Placas indicativas de obras apresentam placas com uma imagem simpática de um trabalhador se curvando em deferência. Vizinhos se presenteiam com caixas de sabão em pó antes de iniciar obras – um gesto para ajudar a limpar suas roupas que, inevitavelmente, ficarão sujas. Pessoas resfriadas usam máscaras para evitar o contágio dos outros.

Eles não entendiam os cumprimentos dos brasileiros. Nem uma só palavra do que dizíamos. Mas, com a enorme invasão de corinthianos, todos os japoneses passaram a nos cumprimentar com um caloroso “Vai Colinthians”. Provavelmente, imaginavam que era “Bem vindo” ou outro cumprimento brasileiro qualquer.

Mas omotenashi vai além de ser gentil com visitantes. Essa atitude perpassa todos os níveis da vida cotidiana e é ensinada desde os primeiros anos de vida. Mas, de onde vem essa cortesia e boa educação. Os estudiosos japoneses dizem que tem origem nas cerimônias do chá e nas artes marciais. Sem dúvida, a palavra omotenashi teve origem nas cerimônias do chá. O anfitrião dessas cerimônias trabalha duro, nos mínimos detalhes, até mesmo na escolha das flores certas, a louça e a decoração -sem esperar nada em troca. Os convidados mostram uma gratidão quase reverencial. Os dois lados – anfitrião e convidados – criam um ambiente harmonioso e de muito respeito. Estão ancorados na crença de que o bem público vem antes do particular.

Do mesmo modo, por incrível que pareça, os guerreiros samurais tinham entre seus deveres a delicadeza e a compaixão. O complexo código desses homens da guerra, similar ao dos cavaleiros medievais, não governava apenas a honra, disciplina e moral, mas também o jeito certo de fazer tudo, da deferência ao ato de servir o chá.

Seus preceitos zen demandavam domínio das emoções, serenidade e respeito pelo outro, inclusive pelo inimigo. O “bushido”, código dos samurais, se tornou preceito de conduta para toda a sociedade.

Para eles funciona como catapora. Passa de um japonês para outro. A catapora da cordialidade passa rapidamente para os brasileiros. Mesmo os mais grossos e intolerantes, rapidamente se tornam mais gentis e civilizados. Não seria ótimo se todo visitante levasse um pouco da catapora do omotenashi para casa. Seria o melhor contágio do mundo.

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