Aprosoja revela que, em um ano, preço da soja caiu quase 22% em Mato Grosso do Sul

Levantamento repassado com exclusividade pela Aprosoja/MS (A Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul) para o site Diário MS News aponta que o preço da oleaginosa no Estado, em um ano, caiu quase 22%. De acordo com a entidade, em abril de 2022 o preço disponível era de R$ 165,82 e, em abril deste ano, a saca com 60 quilos custa R$ 136,20, ou seja, uma redução de 21,75% se comparar abril de 2023 com abril de 2022.

A previsão é de que a safra deste ano em Mato Grosso do Sul chegue a 13,3 milhões de toneladas, o que equivale a 222 milhões de sacas. Então, como a cotação está quase R$ 30,00 menor que na mesma época do ano passado, isso significa R$ 6,5 bilhões a menos no bolso dos produtores locais se toda a produção fosse faturada agora.

Vale lembrar que esta retração no faturamento na comparação com o ano passado foi amortecida, em parte, por conta das vendas antecipadas que, segundo a Aprosoja, chegaram a 31% da produção. Estes agricultores conseguiram, em média, R$ 170,00 pela saca. No ano passado, porém, muito produtor conseguiu vender a produção por até R$ 200,00 a saca.

No ano passado, conforme a economista Renata Farias, da Aprosoja/MS, a safra 2021/2022 apresentou oferta reduzida devido à quebra na produção por motivos climáticos. “A estimativa para safra 2022/2023 é que seja 2,5% maior em relação ao ciclo passado, com uma produção de 13,3 milhões de toneladas. Apesar da colheita estar 8,3 pontos percentuais atrasados em relação à safra 2021/2022 em 31 de março, é nítida uma oferta superior, o que já impacta no preço, reduzindo-o”, argumentou.

Ela completou que a safra brasileira está estimada acima dos 150 milhões, um montante 18% superior à safra 2021/2022. Esse valor influencia diretamente no preço da soja, pois quanto maior a oferta e uma demanda estável, o preço do mercado reduz. “Além disso, a safra americana de soja deve apresentar, segundo relatório da USDA, uma oferta do grão de 122,7 milhões de toneladas, e essa expectativa também afetou o mercado de commodities, reduzindo o preço disponível na bolsa de Chicago. A partir de agora é acompanhar o desenvolvimento da safra norte americana, que se realmente for uma safra cheia os preços continuarão em queda”, pontuou.

Renata Farias acrescentou que o custo da safra foi estimado com a saca custando R$ 160, totalizando 43 sacas por hectare. “Hoje com a saca em média de R$ 135, o custo passa a ser de 51 sacas por hectare, ou seja, 8 sacas a mais serão necessárias por hectare para pagar o custo. O lucro do produtor estará reduzido caso a venda seja no preço de agora, porém a quem fechou negociação futura com trave de preço ainda em R$ 160, por isso, a contabilização é individual e também depende da produtividade de soja alcançada na safra pelo produtor. Resumidamente, o preço impactou em um aumento de custo de 8 sacas por hectare, saindo de 43 sacas para 51 saca.

Conforme a economista da Aprosoja/MS, são várias as explicações para a queda na cotação do produto, que é o carro-chefe da economia de Mato Grosso do Sul. “Instabilidade política, projeção maior para inflação no Brasil, impasse entre Governo Federal e Banco Central, juros americanos elevados e dólar com tendência a redução”, citou.

Excesso de chuva

Além disso, ela cita que até mesmo o excesso de chuvas está afetando os preços, já que existe possibilidade de quebra de safra, uma vez que até agora foi colhida somente a metade da área se comparado com o andamento da colheita em anos anteriores. E, como a instabilidade climática e econômica no Brasil e no mercado mundial tendem a continuar, a perspectiva de melhora no preço não é das mais animadoras.

No ano passado, dois terços dos grãos já estavam nos armazéns nesta época do ano. Agora, por causa das constantes chuvas, apenas um terço foi colhido e as previsões indicam que as chuvas vão continuar. Mas apesar da redução na comparação com o preço do ano passado, os agricultores ainda estão trabalhando no azul.

De acordo com os estudos da Aprosoja, levando em conta os preços atuais, o agricultor desembolsa o equivalente a 46 sacas para cultivar cada hectare. Mas, como o tempo foi favorável durante o período de crescimento da planta, o produtor está colhendo, em média, 58 sacas por hectare. Ou seja, o superávit está sendo, em média, de pelo menos doze sacas, o que equivale a cerca de R$ 1.800,00 pela cotação atual.

E, como o Estado plantou 3,84 milhões de hectares, o saldo para a economia estadual ainda é satisfatório, com lucro na casa dos R$ 7 bilhões, o que é menos da metade daquilo que poderia ser se a cotação tivesse se mantido nos patamares do ano passado.

Porém, essa lucratividade somente será obtida se o tempo melhorar, uma vez que a própria Aprosoja fala em “possibilidade de quebra de safra devido estarmos 31 pontos percentuais atrasados na colheita” na comparação com a safra anterior.

VBP

O VBP (Valor Bruto da Produção Agropecuária) de 2023 de Mato Grosso do Sul, calculado com base nas informações de safras de fevereiro, divulgadas pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) está estimado em R$ 79,1 bilhões, um crescimento de 10% em relação ao ano passado, que fechou em R$ 72,5 bilhões, considerando a produção total de lavouras e do setor pecuário.

Em Mato Grosso do Sul, o faturamento da agricultura estimado para 2023 é de R$ 57,4 bilhões, contra R$ 49,5 bilhões de 2022. Na pecuária, houve pequena retração de 2022, que registrou R$ 22,9 bilhões, para 2023 que é estimado em R$ 21,6 bilhões.

Segundo o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), o VBP do País está estimado em R$ 1,249 trilhão e é 5,0 % maior do que o obtido no ano passado que foi de R$ 1,190 trilhão. Este valor é o maior de uma série com início há 34 anos.

Portanto, o crescimento da produção agropecuária de Mato Grosso do Sul previsto é o dobro da média nacional. No País, o faturamento das lavouras tem previsão de crescer, em valores reais, 8,9% e, a pecuária, registrar retração de 3,4%. Este é o terceiro ano que o setor apresenta queda. O valor das lavouras está previsto em R$ 887,7 bilhões e a pecuária, R$ 361,9 bilhões.

Preços acima da média de anos anteriores e expectativas de boa safra em 2023 trazem contribuição positiva para um grupo amplo de lavouras, com destaque para laranja, cana-de-açúcar, milho e soja. Milho e soja representam 62,0% do VBP das lavouras e têm participação decisiva nesses resultados, pois sua influência também tem sido importante na produtividade de grãos que está sendo prevista com acréscimo de 10%.

Segundo o Mapa, os resultados favoráveis principalmente de soja e milho têm contribuído para os ganhos não apenas nos principais estados produtores como os do Centro-Oeste e Sul, mas também em vários estados do Nordeste e Norte que também se beneficiam de bons períodos de chuvas.

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