Ex-ministro relatou ter recebido alerta de Bolsonaro sobre possível busca e apreensão

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro relatou à filha que seria alvo de busca e apreensão, informação que o ex-ministro teria conseguido por meio de ligação recebida do Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL).

O processo que apura irregularidades envolvendo o Ministério da Educação (MEC) durante a gestão de Ribeiro (entre julho de 2020 e março de 2022) tem cerca de 1.800 conversas grampeadas pela PF.

A única coisa meio…o presidente da República me ligou… ele está com um pressentimento novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos para ele, né?”, disse.

A filha, então, o questiona: “Ah! Ele quer que você pare de mandar mensagens?”

E Ribeiro responde: “Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão…em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? se houver indícios né…”

Segundo a Polícia Federal (PF), as transcrições das conversas sugerem que Milton Ribeiro estava ciente da execução de busca e apreensão em sua residência e externa preocupação com os pastores Gilmar e Arilton.

“Nos chamou a atenção a preocupação e fala idêntica quase que decorada de Milton com Waldemiro e Adolfo e, sobretudo, a precisão da afirmação de Milton ao relatar à sua filha”, disse o delegado Bruno Calandrini.

Para a PF, “os indícios de vazamento são verossímeis e necessitam de aprofundamento diante da gravidade do fato aqui investigado”.

Procurado para saber se houve interferência na PF ou se alertou o ministro sobre eventual mandado de busca e apreensão, o Planalto não se manifestou. Nesta sexta-feira (24), o advogado Frederick Wassef, que defende a família do presidente, disse que Bolsonaro “não tem nenhum contato e nunca mais falou com o ex-ministro [Milton Ribeiro]”.

“O presidente Bolsonaro não tem nenhum contato com o ex-ministro da educação, portanto, se for verdade, se apurarem que o que ele está falando realmente ele disse, porque eu não sei, eu não tenho acesso”, disse.

O defensor ainda negou qualquer interferência do presidente na PF. “Eu quero deixar claro o seguinte, o presidente Bolsonaro não interferiu, não age, nada tem que ver e está absolutamente distante do ex-ministro e de todos os demais investigados”, afirmou.

Wassef ainda disse que “se o ex-ministro usou o nome do presidente Bolsonaro, usou sem o seu conhecimento, sem sua autorização, ele que responda. Compete ao ex-ministro se explicar sobre o que ele fala”.

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