Tudo bem perdoar traição? 52% dos brasileiros acreditam que sim

De acordo com estudo recente, mais da metade da população é tolerante quando o assunto é traição; entenda

Beatriz Mascarenhas

Perdoar ou não uma traição em relacionamentos amorosos é um tema que gera polêmica. Alguns parceiros optam por ter uma postura mais flexível e “deixam passar”, enquanto outros preferem terminar de vez a relação. Ao menos no que depender de uma pesquisa recente, os brasileiros se encaixam no primeiro grupo.

De acordo com dados do Instituto Locomotiva, que realizou o levantamento em parceria com a QuestionPro, 52% das pessoas perdoariam uma traição, a depender da situação.

O estudo, batizado de Percepções sobre a Traição, constatou que quatro em cada 10 entrevistados admitem já terem traído em algum relacionamento.

Em relação à tolerância com a infidelidade, os dados mostram diferenças geracionais e de gênero. A gen Z (com idades entre 18 a 29 anos) é a que menos perdoaria o ato, com 51% afirmando que acabaria com o namoro ou casamento.

Os baby boomers (61 anos ou mais) são mais tolerantes em relação a “pulada de cerca”, e apenas 33% das pessoas nessa faixa etária não perdoaria uma traição.

Pesquisa constatou que homens traem mais

No caso de quem trai, 29% das mulheres ouvidas admitiram já terem sido infiéis, contra 42% dos dos homens.

Para o psicólogo Matheus Karounis, mestre em psicologia clínica e professor da PUC-Rio, existem diversas explicações para essa diferença. Uma delas é a cultura brasileira, historicamente patriarcal. “Ela beneficia o homem que realiza esses atos, entregando inclusive, uma necessidade social a ser suprida”, aponta o expert. Na visão do especialista, ao “suprir” essa necessidade social, os homens reafirmam sua posição dentro da masculinidade.

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Ciúmes é sinal de amor? Homens brasileiros acreditam que sim

Cerca de 27% das mulheres acreditam ser as mais ciumentas em relacionamentos
Apenas 11% dos homens acreditam ser os mais ciumentos dentro de relações amorosas
Uma das melhores formas de lidar com o ciúmes é por meio da comunicação aberta e honesta com o parceiro

Para as mulheres, por outro lado, a resposta da sociedade é punitiva.

Em contraponto, o psicanalista Artur Costa defende que a propensão à infidelidade não é característica de um só gênero. “Ela é influenciada por uma combinação de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais”, adverte.

O comportamento faz parte da característica de uma busca. “O infiel procura algo que não tem atualmente na relação”, esclarece Karounis.

Perdoei, e agora?

Apesar do perdão ser uma possibilidade ao ser “vítima” de traição, a reconstrução da confiança é um processo difícil.

Existem danos dolorosos no processo que, de acordo com os psicólogos, incluem:

Perda da confiança

Além de causar uma dor emocional profunda, a reconstrução da confiança pode levar tempo, e muitos acabam não tendo o ajuste conjugal correto. “O que pode culminar em outros danos ao relacionamento, a médio e longo prazo, como novos episódios de traição, violência psicológica e patrimonial e outros”, salienta Karounis.

Perda de autoestima

“A pessoa traída pode sofrer de baixa autoestima e sentir-se inadequada ou não amada”, diz Costa.

Impactos nos relacionamentos futuros

A experiência de traição acaba afetando a maneira como a pessoa traída se relacionará posteriormente com futuros parceiros, “tornando-a mais desconfiada ou insegura, projetando os traumas do passado nas próximas relações”.

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