Aparentemente, uma simples transação mercantil realizada entre dois ou mais produtores rurais, onde o detentor das ditas vacas, arrenda ao interessado, uma determinada quantidade de animais, estipulando a renda em bezerros que deve ser honrada anualmente. Importante frisar que, em operações dessa nature-za, o documento usual é a Cédula Rural Pignoratícia.
O ardil utilizado para atrair os incautos devedores, geralmente pequenos criadores de vacas leiteiras, proprietários de 30 a 50 cabeças de gado, em uma propriedade em média de 50 hectares onde o trabalhador rural tira o sustento para sua família. A enge-nuidade é marcante nas pessoas que sobrevivem nesse ambiente sem muitas perpectivas de vida futura, e, por isso mesmo, preza fácil para pessoas de má índole.
É comum depararmos no dia a dia, com homens com idades acima de 65 anos de idade, usando chapéus típicos de trabalha-dores rurais, empurrando carrinhos de picolés, sorvetes ou cai-xas térmicas com salgados ou refrescos onde ganham pequenas comissões pelas vendas desses produtos, e com isso, adequirem o mínimo de alimentos para o sustento de suas famílias, quase sempre, morando em favelas das periferias.
O pretenso benfeitor sabendo da situação financeira desse pe-queno trabalhador, oferece-lhe empréstimos que vão de 2 mil a 5 mil reais, para pagamento a longo prazo, e aliviar sua situação, bastando para isso, assinar um contrato só para comprovar a saída do seu caixa. O incauto trabalhador acaba de assinar sua sentença de pobreza e miséria, pois, nesse ardiloso contrato, tanto sua pequena propriedade, como sua criação já estão com-prometidas, sem nenhum pudor, sem piedade ou senso de humanidade.
São impiedosos agiotas, que sem qualquer remorso, utilizando de seus advogados, procuram a justiça para executar a cobrança da dívida, e, muito embora o objeto do contrato seja “vacas”, o que o devedor recebeu, foi tão somente o pequeno empréstimo que julgava ser uma generosidade, estava literalmente jogando-o a uma situação de miséria absoluta. Sem saber o que fazer da vida, entrega-se a bebidas, deixando sua família ao abandono, uma questão social irreversível.
O usurpador além de se apropriar dos bens dos incautos, ainda por cima, sonega os impostos devidos, caso essas operações fossem éticas e justas. Trata-se de uma situação que merece ser investigada pela Assembleia Legislativa, pelo Ministério Público, e até mesmo pela Policia Federal, eis que existe a suspeição de sonegação de impostos, além de enriquecimento ilícito.
POR: BENEDITO RODRIGUES DA COSTA – ECONOMISTA