Empresas exigem cada vez mais competências técnicas, comportamentais e estratégicas. Aprendizado ao longo da vida é o caminho para acompanhar o ritmo das transformações.
Em um mundo corporativo moldado pela transformação digital, pela automação e por novos modelos de trabalho, cresce a exigência por profissionais que combinem competências técnicas, comportamentais e estratégicas. Conceitos como soft skills, hard skills e, mais recentemente, power skills se tornaram comuns em processos de recrutamento, gestão de equipes e programas de liderança. Todos esses conjuntos de habilidades se conectam a um denominador comum: o lifelong learning, ou aprendizado contínuo.
“As empresas não contratam mais apenas pelo currículo técnico. Elas contratam pela capacidade de adaptação, comunicação e pensamento crítico”, afirma Gislaine Feitosa, que é Coordenadora de Desenvolvimento Humano e Organizacional – Especialista em Ética e Responsabilidade Social. “As hard skills te colocam na porta de entrada, mas são as soft e power skills que sustentam uma carreira no longo prazo.”
O que são essas habilidades?
As hard skills continuam sendo fundamentais. São os conhecimentos técnicos específicos de cada profissão, como dominar ferramentas digitais, saber programar, falar outros idiomas ou entender de finanças. Elas são essenciais, mas não diferenciam mais como antes.
Já as soft skills referem-se a aspectos comportamentais, como empatia, escuta ativa, colaboração, resolução de conflitos e inteligência emocional. Essas habilidades se tornaram cruciais em ambientes de trabalho híbridos e equipes multiculturais.
E as power skills, termo cada vez mais usado por especialistas e consultorias como o LinkedIn e o Fórum Econômico Mundial, são uma ampliação das soft skills — mas com foco estratégico. São habilidades como liderança, pensamento sistêmico, adaptabilidade e tomada de decisão. Elas envolvem a capacidade de influenciar pessoas e liderar mudanças.
A importância do aprendizado contínuo
Segundo o relatório “Future of Jobs” (2023) do Fórum Econômico Mundial, 44% das habilidades dos trabalhadores devem mudar até 2027. Nesse cenário, adotar o lifelong learning deixou de ser uma vantagem e passou a ser uma necessidade.
“Não existe mais diploma definitivo. O profissional precisa estudar constantemente, seja por meio de cursos formais ou aprendizados informais. A tecnologia muda, o mercado muda, o cliente muda”, afirma Ana Lopes, educadora, mestre e doutora em neurociência.
Dados da McKinsey (2022) apontam que 87% das empresas no mundo enfrentam ou esperam enfrentar lacunas de habilidades nos próximos anos — e investir no desenvolvimento dos colaboradores virou prioridade estratégica.
Liderar em um mundo em constante transformação exige mais do que experiência: exige a coragem de continuar aprendendo, todos os dias.
Como desenvolver essas competências?
Especialistas indicam caminhos práticos para cultivar essas habilidades:
· Educação continuada: cursos online e presenciais em plataformas como Coursera, Udemy, Alura ou instituições tradicionais.
· Mentorias e networking: aprender com quem já percorreu o caminho pode acelerar o processo.
· Feedback estruturado: ouvir líderes e colegas de forma construtiva ajuda a identificar pontos de melhoria.
· Leitura e repertório cultural: um profissional atualizado em diferentes temas é mais criativo e inovador.
· Prática deliberada: mais do que saber, é preciso aplicar.
O profissional do século XXI precisa ser técnico, humano e estratégico ao mesmo tempo. “O mercado já não valoriza apenas o saber fazer, mas o saber ser e o saber evoluir. Em tempos de mudanças aceleradas, a única certeza é que estaremos sempre aprendendo”, salienta Ana Lopes
Quem não estiver disposto a reaprender vai se tornar obsoleto, mesmo com anos de experiência. A atualização constante é o novo currículo.
Ana Lopes é Palestrante | Jornalista | Professora Universitária – Especialista em Políticas Públicas, Mestre e Doutora em Neurociências
Gislaine Feitosa é Palestrante | Coordenadora de Desenvolvimento Humano e Organizacional – Especialista em Ética e Responsabilidade Social