Razão ou emoção: como votar?

Como o eleitor escolhe seus candidatos? A resposta, já há tempos intuída por políticos e marqueteiros e que agora ganha apoio da neurociência, é que, na definição do voto, emoções são significativamente mais importantes que a razão.

Primeiramente, buscamos demonstrar formas de mensuração das emoções em termos quantitativos através de pesquisas realizados durante o período da pré-campanha eleitoral.

Em segundo lugar, buscamos evidenciar que a avaliação retrospectiva pode ser mais bem entendida se compreendermos as emoções dos eleitores. Desta maneira, negando a longa tradição que contrapõe razão e emoção dentro da política, salientamos a tese de que os sentimentos constituem uma importante variável no processamento de informações e, consequentemente, na decisão do voto.

A ideia de que as emoções estimulam comportamentos políticos não é nova. Já na antiguidade, tal como argumenta Aristóteles, os oradores sensibilizavam as multidões utilizando um tipo de retórica carregada de sentimentos, denominada pathos.

No século XV, Maquiavel buscou demonstrar aos príncipes não somente a importância de ser amado pelos súditos, mas principalmente temê-los. Weber chamou de carisma a capacidade de dominação política por meio de atributos inerentes e excepcionais que estimulam a adoração às lideranças políticas.

Mais recentemente, na era da mídia eletrônica, vários trabalhos emergiram com a intenção de demonstrar o impacto dos apelos afetivos inerentes às campanhas políticas (Schwartzenberg, 1979; Sullivan & Master, 1987, Silveira, 2000; Westen, 2007; Brader, 2007).

Na avaliação do cientista político Antonio Ueno, diretor do Instituto Ranking Brasil, o voto pode ser racional ou emocional. “O eleitor pode se basear nos dois modos para escolher, mas, por vezes, se deixa levar mais por um do que por outro. Em Mato Grosso do Sul, a emoção sobrepõe a razão na hora do voto”, disse o cientista.

“O eleitor quando vota para presidente, valoriza muito o tema da economia, do bem-estar e escolhe quem vai melhorar sua vida no curto prazo. Para governador, o que pesa são a questão da segurança pública, educação, ICMS e outras coisas”, afirma Ueno.

“No caminho do voto, o eleitor passa pela identificação com o que o candidato simboliza para ele; pela sua própria ideologia e visão de mundo; e por sua posição na pirâmide social. A maneira como o eleitor foi socializado desde a infância pode interferir na maneira como ele aceita candidatos e partidos na vida adulta. Nós precisamos tanto da razão quanto da emoção para fazermos boas escolhas,” finalizou Antonio Ueno.

A temperatura deve subir nos próximos dias, no mês de julho começam as convenções e em seguida vem os programas eleitorais, e tudo isso contribuirá para o fechamento do processo decisório no dia 2 de outubro de 2022, dia da eleição do primeiro turno.

E você, como vai votar?

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