R$ 2,7 milhões apreendidos com ex-desembargador podem ser destinados ao Governo Federal

O confisco do dinheiro só será evitado se Júlio Siqueira comprovar a origem lícita dos valores encontrados em sua residência durante operação da Polícia Federal.

O dinheiro apreendido na casa do desembargador aposentado Júlio Roberto Siqueira Cardoso, no dia 24 de outubro, no valor de R$ 2,7 milhões, pode ser destinado ao Governo Federal, conforme anunciado pelo delegado Marcos Damato, responsável pela operação Ultima Ratio. O confisco só será evitado se Siqueira conseguir comprovar a origem lícita da quantia.

Além do montante em espécie, a operação resultou na apreensão de uma máquina para contagem de cédulas, um indicativo de que o ex-desembargador estava envolvido em um esquema de corrupção mais amplo, possivelmente ligado à venda de sentenças judiciais. A operação investiga Siqueira e outros seis magistrados, suspeitos de participarem de um esquema de corrupção envolvendo a venda de decisões judiciais. Esses magistrados foram afastados de suas funções e estão sendo monitorados por tornozeleiras eletrônicas.

A investigação levanta suspeitas sobre a origem do dinheiro encontrado. Apesar de não haver confirmação sobre sua procedência, a PF tem indícios de que o montante pode ter origem ilícita. A apreensão foi parte de uma série de diligências realizadas em imóveis de luxo, incluindo o condomínio onde Siqueira reside, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.

Em 2018, Siqueira declarou ter recebido R$ 4,5 milhões em salários durante o período de 2016 a 2018, mas não forneceu informações sobre outras fontes de renda. A compra de um imóvel de alto padrão, por R$ 1,4 milhão, em um condomínio onde imóveis semelhantes estavam à venda por até R$ 4,5 milhões, gerou suspeitas de que o valor declarado tenha sido subfaturado para ocultar sua verdadeira origem.

Além disso, investigações revelaram que o ex-desembargador comprou uma casa na Bahia por R$ 1,48 milhão e pagou parte do valor em espécie, o que chamou a atenção da PF. Em uma operação realizada em outubro de 2022, Siqueira foi flagrado com uma mala contendo R$ 556.400,00 em dinheiro vivo, que foi depositada em uma agência do Bradesco em Campo Grande. Esse depósito gerou novas suspeitas, que levaram os investigadores a confirmar que o ex-magistrado poderia ter utilizado valores de origem desconhecida para adquirir a propriedade na Bahia.

A Polícia Federal ainda aguarda esclarecimentos do banco sobre a forma de pagamento de um boleto de R$ 509 mil referente à mesma casa. O relatório da PF aponta que a origem do dinheiro é duvidosa, o que aumenta as suspeitas de que ele tenha sido obtido por meio de atividades ilícitas, possivelmente ligadas a corrupção no âmbito judicial.

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