Estilo de vida, menor cuidado com a saúde e questões genéticas ajudam a explicar os motivos da maior incidência da doença na população masculina, afirma a médica Mariana Bruno Siqueira, da Oncologia D’Or.
Estudos1 apontam que os homens apresentam de duas a três vezes mais risco de câncer do que as mulheres. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA)2 estima que a incidência do câncer em 2025 será 17% maior na população masculina do que na feminina, sem considerar o câncer de pele não melanoma. Os cânceres colorretal, de estômago e de pulmão serão os mais frequentes entre homens e mulheres, excluindo-se os tumores específicos de cada sexo. Embora as causas da predominância masculina na incidência de câncer não sejam claras, os cientistas suspeitam que a discrepância esteja associada a fatores sociais, ambientais e biológicos.
“A primeira variável considerada é que as mulheres procuram mais os serviços de saúde, cuidam mais do próprio corpo e fazem exames de rotina e rastreamento. Já os homens têm mais resistência em cuidar da saúde e, quando procuram os serviços médicos, o fazem tardiamente”, afirma a médica oncologista Mariana Bruno Siqueira, da Oncologia D’Or.
A segunda hipótese envolve fatores ambientais mais comuns entre os homens, que aumentam o risco de câncer, como o tabagismo, o etilismo, a obesidade, o sedentarismo e o estresse. Essa suposição vem ganhando corpo porque, em países como os Estados Unidos, a incidência de câncer na população masculina tem se mantido estável desde 20133, enquanto na feminina tem aumentado desde a década de 1990. “À medida que a mulher entrou no mercado de trabalho, começou a ter um estilo de vida muito parecido com o dos homens”, pondera a especialista.
Recentemente, surgiram pesquisas que apontam uma terceira teoria, indicando que as mulheres estão mais protegidas do câncer por questões biológicas. A Escola Médica de Harvard, o Instituto Broad e o Massachusetts Institute of Technology (MIT) estudaram os genes associados ao cromossomo X, em especial um grupo conhecido como EXIT, que possui a capacidade de agir como um supressor de tumores. Como as mulheres nascem com dois cromossomos X e o homem com apenas um, elas estariam mais protegidas do câncer do que eles.
“Nos homens, bastaria a mutação de uma cópia para ele perder ou ter uma função alterada desse gene, que seria um freio para o surgimento de células malignas”, observa Mariana Bruno Siqueira. “Como a mulher possui duas cópias, seria necessário perder dois genes para ficar desprotegida”, complementa. Caso essa teoria se confirme, existe a possibilidade do desenvolvimento de tratamentos que ajudarão no combate ao câncer.
Referências
- Sarah Jackson. Sex differences in cancer incidence among solid organ transplant recipients. Journal of the National Cancer Institute, Volume 116, Issue 3, 2024, Pages 401–407.
- Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Estimativa 2023: incidência de câncer no Brasil/Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2022
- Don Dizon et al. Cancer statistics 2024: All hands on deck. CA Cancer J Clin. 2024;74:8–9
Sobre a Oncologia D’Or
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