O estudo identificou 13 espécies de plantas nativas do Cerrado com alto potencial para a recuperação de solos contaminados por herbicidas agrícolas no Distrito Federal. Saiba mais aqui.
Os defensivos agrícolas, também conhecidos como agrotóxicos, são substâncias usadas na agricultura para proteger as plantações de pragas, doenças, ervas daninhas e outros organismos que causam danos às culturas. São produtos essenciais para garantir a produção de alimentos, proteger a saúde das plantas e aumentar a produtividade.
Contudo, pesquisadores alertam que usar agrotóxicos de forma incorreta pode provocar a contaminação dos solos, da água e de alimentos, além de afetar plantas nativas, insetos e peixes.
Quando encontrado nas águas superficiais e subterrâneas utilizadas para abastecimento e diversos fins, os agrotóxicos podem desencadear intoxicações nos seres vivos.
E um estudo feito por pesquisadores da Universidade do Distrito Federal Professor Jorge Amaury Maia Nunes (UnDF) mapeou 13 espécies nativas do bioma Cerrado que têm potencial de recuperar solos contaminados com agrotóxicos, a fim de minimizar os impactos ambientais da agricultura. Entenda melhor abaixo.
Plantas do cerrado para ajudar a “desintoxicar” o solo
O estudo, intitulado “Fitorremediação na RIDE-DF: levantamento de espécies vegetais nativas do Cerrado com uso potencial na biorremediação de solos contaminados por poluentes agrícolas”, é o trabalho de conclusão de curso do estudante Gabriel Gonçalves, com orientação da professora Silmary de Jesus.
Para o trabalho, os pesquisadores mapearam as espécies nativas do Cerrado que poderiam ser aplicadas como solução sustentável para os impactos causados pelo uso intensivo de defensivos agrícolas na agricultura.
Artigo relacionadoGirassóis, micróbios e plástico que desaparece: o filme biodegradável que promete solos mais vivos; entenda
A região de estudo foi a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF), na Região Centro-Oeste do Brasil – especialmente em áreas de agricultura familiar, que é a atividade predominante nos municípios da Ride-DF.
A pesquisa utilizou o método conhecido como fitorremediação, que utiliza plantas e suas microbiotas associadas para eliminar ou reduzir poluentes do solo.
A fitorremediação é uma técnica de remediação ambiental que utiliza plantas para remover, conter ou tornar inofensivos contaminantes do solo, água e ar.
As plantas nativas identificadas têm como características raízes profundas e alta resiliência a solos empobrecidos, o que favorece sua utilização na recuperação dos solos. E dentre as famílias de plantas, a Fabaceae foi a que apresentou o maior número de espécies promissoras.
Entre os defensivos agrícolas mais usados na região de estudo estão os três herbicidas: Atrazina, 2.4-D e Sulfentrazone, amplamente utilizados nos cultivos de soja, milho e cana-de-açúcar. E essas substâncias já vêm trazendo preocupações ambientais por sua persistência no solo e riscos à saúde pública e aos recursos hídricos.
“A pesquisa teve como objetivo mapear, por meio de uma revisão científica dos últimos dez anos, espécies nativas do Cerrado com potencial para recuperar áreas agrícolas contaminadas por herbicidas na Ride-DF”, comentou Silmary.
Ainda segundo ela, este estudo oferece aos agricultores da região um catálogo prático das espécies que podem ser usadas para a recuperação do solo. Essas informações auxiliam especialmente a agricultura familiar, propondo soluções sustentáveis baseadas na flora local.
Referências da notícia
Plantas do Cerrado podem recuperar solos contaminados por agrotóxicos, aponta pesquisa da UnDF. 27 de junho, 2025. Redação Jornal de Brasília.
Pesquisa aponta plantas do Cerrado aptas a recuperar solos contaminados. 27 de junho, 2025. Vinicius Nader.
