Peça de teatro que já passou por outras capitais brasileiras como Manaus e Belém, agora, chega a Campo Grande no fim de semana. A entrada é gratuita.
Depois de uma passagem com casa cheia por cidades como Manaus (AM) e Belém (PA), é a vez de Campo Grande conferir o espetáculo “MOMO – Um Ato Poético para Testemunhas”, solo do ator Alberto Silva Neto, do Grupo Usina. A peça encerra a etapa do projeto “Escambo: Rede Parente” pela capital sul-mato-grossense antes dos artistas partirem para a próxima fase em São Paulo. As apresentações serão realizadas neste sábado (24) e domingo (25), às 20h, no Espaço Fulano di Tal, que fica na Rua Rui Barbosa, n.º 3099, centro da cidade. Com duração de 75 minutos e classificação indicativa de 16 anos. Os ingressos são limitados e devem ser reservados via WhatsApp 67 98129-7263.
Misturando teatro, confissão e poesia, “MOMO” é mais que um espetáculo – é um mergulho nas camadas da ancestralidade masculina, da memória familiar e do corpo-em-palavra. Como sugere o nome, a obra evoca o riso e a dor de um “bobo da corte”, que diverte, mas também expõe verdades desconcertantes. A dramaturgia tem origem em documentos pessoais e cartas trocadas na década de 1960 entre o pai, Eduardo, e o avô, Alberto – do qual o ator herdou o nome.
Sem muitos elementos cênicos, o espetáculo do Grupo Usina, de Belém (PA), se apresenta como um depoimento sincero, feito de carne, silêncio e palavra. “O que me levou a ‘Momo’ foi um momento da vida no qual se tornou inescapável para mim tornar público esse relato íntimo, a partir das minhas relações familiares, sobretudo com meu pai, na perspectiva de uma ausência presente. E isso toca inevitavelmente numa ancestralidade masculina, que acabou se tornando material de construção dramatúrgica”, explica Alberto Silva Neto.
A trajetória do espetáculo também está entrelaçada com o próprio Projeto Escambo:Rede Parente, idealizado pelo Grupo Cisco (SP), que reúne artistas do Norte, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, numa rede de criação e circulação teatral que sai do tradicional eixo Rio-São Paulo.
“Momo foi criado em 2023, é uma criação bastante recente. A primeira fase foram atos poéticos para testemunhas em pequenos grupos, a partir de um trabalho que fiz com Wlad Lima, grande amiga e artista de Belém, que trabalha com as Clínicas do Sensível. Desde o início, Momo nunca foi ensaiado. Era sempre um ato diante de testemunhas. Quando percebi o quanto isso tocava o íntimo das pessoas, compreendi o potencial do espetáculo. Foi isso que despertou o interesse do Edgar Castro, amigo de longa data, em nos incluir no circuito do Escambo”, relata Alberto.
A peça é atravessada por ecos de autores como Fernando Pessoa, Clarice Lispector, Nietzsche e Antonin Artaud – este último, inclusive, inspirou o título da obra: “Momo” era o apelido de Artaud na infância, em Marselha (França). É, também, uma metáfora para a figura ridicularizada por dizer o que muitos não ousam.
Segundo o ator, o espetáculo provoca o público a repensar o que se entende por masculinidade e paternidade. “É significativo que o ‘Momo’ traga esse debate sobre uma ancestralidade masculina dentro de uma sociedade patriarcal, machista e misógina. É revelador para mim perceber o que assimilei nesse percurso e também aquilo que me fez insurgir, criticar, e a partir disso tentar reconstruir valores e atitudes éticas como homem.”
Além das apresentações, a passagem do Grupo Usina por Campo Grande inclui ações formativas gratuitas, realizadas também no Espaço Fulano di Tal. No sábado (24), das 9h às 12h, ocorre a oficina “A Carne da Palavra”. Já no domingo (25), das 10h às 12h, acontece a mesa pública “Pachiculimba: uma encenação contra-hegemônica”. As vagas são limitadas.
“Participar do projeto Escambo está sendo uma experiência extraordinária, e talvez nem imaginávamos o quanto ela poderia nos transformar até começarmos as atividades”, afirma Alberto. “Costumo dizer, e reitero aqui, que o projeto deveria ser um modelo de intercâmbio replicado pelo Brasil, porque coloca no mapa das artes cênicas geografias que muitas vezes são menos favorecidas ou mesmo invisibilizadas. Estar em Campo Grande, uma cidade que ainda não conheço, me deixa curioso e animado para mergulhar na cena local”.
O espetáculo encerra com potência a etapa sul-mato-grossense do Projeto Escambo: Rede Parente, que propõe conexões entre artistas do Norte, Sudeste e Centro-Oeste, a partir de uma perspectiva de parentesco, afeto e resistência criativa.
O projeto tem financiamento da Funarte, ligada ao Ministério da Cultura (MinC), do Governo Federal, com apoio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), Setesc e Governo do Estado. Além do Grupo Fulano di Tal e da Estação Cultural Teatro do Mundo. Mais informações e inscrições para a oficina podem ser encontradas no Instagram @projetoescamboredeparente.
➔ Grupo Usina – Belém do Pará (PA)
Local:Espaço Fulano di Tal – Rua Rui Barbosa, 3099 – Centro
Projeto Escambo Parente – Campo Grande (MS)
Espetáculo: “MOMO – Um Ato Poético para Testemunhas”
24 e 25/05 (sábado e domingo, às 20h)
Reservas de ingressos:
67 98129-7263 WhatsApp
Oficina: A Carne da Palavra
Espaço Fulano di Tal
24/05 (sábado, 9h às 12h)
Mesa Pública: Pachiculimba, uma Encenação Contra-Hegemônica
Espaço Fulano di Tal
25/05 (domingo, 10h às 12h