Apesar das 11 assinaturas garantidas no requerimento para a abertura de uma CPI, a maioria dos vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande prefere tirar o corpo fora e ignorar os apelos da população a respeito do serviço ruim prestado pelo Consórcio Guaicurus no transporte coletivo da Capital. Mesmo superado o mínimo de apoio necessário, 18 parlamentares preferem não se envolver com a causa.
Autor do requerimento, Junior Coringa (MDB) afirmou que pretende protocolar a proposta de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito até o dia 20 deste mês. A investigação vai se debruçar sobre o não cumprimento do contrato de concessão e a péssima prestação de serviço pelo Consórcio Guaicurus.
Dos 29 vereadores, assumiram o compromisso de assinar o requerimento Landmark, Jean Ferreira e Luiza Ribeiro, do PT; André Salineiro, Ana Portela e Rafael Tavares, do PL; Flávio Cabo Almi (PSDB), Fábio Rocha (União Brasil), Maicon Nogueira (PP) e Ronilço Guerreiro (Podemos), além do proponente, Junior Coringa.
Entre os parlamentares que não apoiam a CPI estão políticos experientes, como o ex-prefeito Marquinhos Trad (PDT), o ex-presidente da Câmara Municipal, Carlos Augusto Borges, o Carlão (PSB), o ex-secretário municipal de Saúde, Jamal Salem, o Dr. Jamal (MDB), o ex-líder da prefeita, Beto Avelar (PP), o ex-deputado estadual Herculano Borges (Republicanos), o veterano Otávio Trad (PSD) e Delei Pinheiro (PP).
Neófitos na política já estreiam no legislativo dando as costas para as queixas dos usuários do transporte coletivo, como Leinha e Wilson Lands, do Avante, e Neto Santos (Republicanos).
Outros parlamentares, que perderam a última eleição e voltaram, seguem na mesma linha de ignorar os clamores do povo, como Dr. Lívio Leite e Veterinário Francisco, do União Brasil. A lista ainda inclui os vereadores Dr. Victor Rocha, Professor Juari e Silvio Pitu, do PSDB, Clodoilson Pires (Podemos) e Professor Riverton (PP).
O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) fazia parte desse grupo até a apresentação do requerimento para a abertura da CPI. Com a apresentação dos fatos a serem investigados, o pastor foi para o lado que tem o apoio da população.
O atual presidente da Câmara, Papy (PSDB), não assinou o requerimento e já demonstrou o desejo de que a instalação da CPI seja deixada para o segundo semestre.
Formado em 2012 para manter as empresas no controle de transporte coletivo de Campo Grande, o Consórcio Guaicurus ganhou uma licitação que teve fraude e concorrência simulada, segundo delação premiada feita no Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) do Paraná.
Apesar das evidências do crime, o caso nunca foi investigado e o consórcio segue impune na Capital. O promotor Marcos Alex Vera de Oliveria chegou a pedir a anulação do contrato de R$ 3,4 bilhões e a realização de nova licitação. No entanto, o juiz Ariovaldo Nantes Corrêa, da 1ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, concluiu que não houve provas da maracutaia e rejeitou o pedido.
O Tribunal de Contas do Estado concluiu que o grupo não cumpre o contrato de concessão. No entanto, a corte fiscal não tomou nenhuma medida para exigir o cumprimento do acordo firmado na gestão de Nelsinho Trad (PSD).
Apesar de não exigir a melhoria no serviço, a prefeita Adriane Lopes (PP) passou a repassar R$ 22,8 milhões por ano em subsídio ao grupo. O Governo do Estado repassa mais R$ 13 milhões. E ainda assim, a tarifa do transporte coletivo subiu de R$ 4,75 para R$ 4,95 no mês passado.
Até esta quarta-feira, a CPI é deixada de lado por 18 vereadores:
- Beto Avelar (PP)
- Carlão (PSB)
- Clodoilson Pires (Podemos)
- Delei Pinheiro (PP)
- Dr. Jamal (MDB)
- Dr. Lívio (União Brasil)
- Dr. Victor Rocha (PSDB)
- Herculano Borges (Republicanos)
- Leinha (Avante)
- Marquinhos Trad (PDT)
- Neto Santos (Republicanos)
- Otávio Trad (PSD)
- Papy (PSDB)
- Professor Juari (PSDB)
- Professor Riverton (PP)
- Silvio Pitu (PSDB)
- Veterinário Francisco (União Brasil)
- Wilson Lands (Avante)
