Futuro da educação indígena é tema de debate na Câmara Municipal

Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande realizaram, nesta sexta-feira (23), audiência pública para discutir o futuro da educação indígena na Capital. Foi debatido, principalmente, a questão da escola municipal e da universidade indígenas.

“Uma universidade intercultural indígena seria muito importante. Não pode ser um curso de extensão, que já tem bastante. Aqui, ainda estamos começando este debate, e não podemos perder o ânimo. Precisamos de aliados que não sejam indígenas. Não queremos mais ser tratados como povos menores. Queremos ser tratados com dignidade e soberania de povos. Fazer com que o Brasil compreenda a importância que temos”, disse o articulador internacional indígena Marcos Terena.

O debate foi convocado pela Comissão Permanente das Causas Indígenas, composta pelos vereadores Coronel Villasanti (presidente), Prof. André Luís (vice), Luiza Ribeiro, Zé da Farmácia e Gian Sandim.

O chefe da Divisão de Políticas Específicas da Semed (Secretaria Municipal de Educação), Felipe Augusto da Costa, falou das discussões para a criação da escola municipal indígena. Segundo ele, quando a ideia surgiu, a pasta já iniciou os estudos para a implantação da unidade.

“Quando fomos provocados, recebemos um grupo dentro da Secretaria. Não podemos simplesmente abrir uma escola e colocar os alunos dentro. Precisamos de um estudo técnico e pedagógico para a implantação dessa unidade. Começamos um trabalho para que a gente possa, realmente, implantar essa unidade, principalmente em um território indígena. Precisamos que essa unidade atenda realmente as crianças indígenas. Temos o interesse e é necessário”, garantiu.

Na última quinta-feira (11), os ministérios da Educação e dos Povos Indígenas realizaram, em Campo Grande, o Seminário Regional de escuta para criação e implementação da criação da Universidade Indígena. O evento contou com cerca de 250 participantes, dentre eles indígenas profissionais da educação, acadêmicos, caciques, lideranças e demais representantes dos nove povos originários de Mato Grosso do Sul – assim como representantes não indígenas de instituições de ensino superior.

A próxima etapa é reunir todas as etnias e autoridades para discutir os critérios que devem nortear a instalação da Universidade Indígena. A instalação e implantação de uma Universidade Indígena em Mato Grosso do Sul é uma reivindicação antiga dos povos tradicionais do país.

O subsecretário de Estado de Políticas Públicas para a População Indígena, Fernando Souza, falou da importância de se investir na educação indígena em todos os níveis. “Uma pauta que, com certeza, vai fazer e faz a diferença na nossa vida, enquanto povo. Se não fosse a educação básica, média e ensino superior, talvez, muitos de nós nem estivéssemos aqui ocupando esse microfone em defesa dos povos indígenas”, afirmou.

Segundo o coordenador de Políticas Específicas para a Educação na Secretaria de Estado de Educação, Alfredo Anastácio Neto, é importante o diálogo entre todas as instituições envolvidas no assunto. “É importante ouvir as instituições envolvidas neste processo, que é tão importante. Mato Grosso do Sul tem uma das maiores populações indígenas do Brasil. É um momento importante. O Governo do Estado tem, ao longo desses anos, implantado políticas públicas par assegurar uma educação escolar indígena de qualidade nas comunidades”, disse.

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