Futebol: “China é a bola da vez”

O mercado do futebol brasileiro está assustado com o assédio dos clubes chineses, que já levaram para o país os jogadores Renato Augusto e Jadson, do Corinthians, Luis Fabiano, do São Paulo, e o técnico Mano Menezes, do Cruzeiro, entre outros. Mas para o treinador Vanderlei Luxemburgo, que no fim do ano passado fechou com o Tianjin Quanjian, equipe da segunda divisão chinesa, o investimento chinês está apenas no início.

"O Flamengo, que é meu time do coração, não tem a estrutura que o Tianjin tem. E eles ainda querem mais. Dá para ver que a coisa está só começando. Futebol, além de entretenimento, é negócio. Tudo acontece na China atualmente. É um país que está levando profissionais para desenvolver o esporte lá", contou o técnico após treinamento da equipe em Atibaia – nem mesmo trabalhando na China o ex-técnico da seleção brasileira abriu mão de sua concentração favorita, no interior de São Paulo.

O mercado chinês não tem tradição no futebol, se comparado aos times europeus, mas mesmo assim importantes jogadores brasileiros estão sendo seduzidos por propostas milionárias, quase "irrecusáveis". Segundo Luxemburgo, jogar na China não é um "barco furado", pelo contrário. "Apresentei para o Jadson um projeto, que começa na segunda divisão. Ele foi fantástico e disse que já estava engajado. Luis Fabiano falou que queria ser artilheiro e quer fazer 500 gols na carreira com a camisa do Tianjin. O barco é um transatlântico, que vai vir aqui no Brasil e buscar muita gente."

O técnico também falou sobre o receio de atletas como Renato Augusto de desaparecer do radar da seleção brasileira e perderem espaço com Dunga. "Perde também com ida para Ucrânia, para Rússia. Quase todos os jogadores da seleção atuam fora do Brasil. Os profissionais vão ter de olhar para a China. É uma coisa normal. A China está introduzindo o futebol no colégio e quer em 20 anos fazer com que sua seleção possa disputar uma Copa em bom nível."

O ex-técnico do Real Madrid considera que a saída dos principais jogadores é reflexo da falta de organização do futebol nacional. "Isso mostra que o Brasil precisa se reorganizar e conquistar credibilidade. São três presidentes da CBF trocados, há uma turbulência. O que está acontecendo hoje tem a ver com a estrutura do futebol brasileiro. Os atletas já foram para o Japão, para o leste europeu, agora a China. Só mudou o lugar."

A comissão técnica do treinador conta com outros dez brasileiros: Gabriel Skinner (manager), Maurício Cupertino (auxiliar técnico), Bebeto (analista de desempenho), Daniel Felix e Diogo Linhares (preparadores físicos), Vágner Miranda (preparador de goleiros), Fabiano Bastos e Tarsson Passos (fisioterapeutas), Cláudio Pavanelli (fisiologista) e Flávio Cruz (médico). A equipe passará a pré-temporada em Atibaia até o dia 3 de fevereiro.

(com Estadão Conteúdo)

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