Etarismo: Desafiando o preconceito e celebrando conquistas

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O etarismo, ou o preconceito em relação a idade avançada, é uma questão profundamente enraizada na sociedade, e que afeta homens e principalmente mulheres, que frequentemente enfrentam uma pressão maior, marcada por padrões irreais de juventude e beleza que desvalorizam as suas conquistas ao longo do tempo. Padrões esses expostos diariamente nas redes sociais. Apesar disso, muitas pessoas têm desafiado essas normas, provando que idade é apenas um número e que o potencial humano não possui data de validade!

O impacto na vida das mulheres

Historicamente, as mulheres são submetidas a padrões que associam a sua relevância social e profissional à juventude. Isso fica evidente em diversas áreas, como na mídia, onde atrizes e apresentadoras frequentemente são substituídas por profissionais mais jovens. No entanto, homens mais velhos, como atores ou âncoras de telejornais, geralmente continuam suas carreiras sem grandes críticas relacionadas à idade. O tal padrão social é cruel com as mulheres, e isso, infelizmente, não é uma falácia.

De acordo com um relatório apresentado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 60% das pessoas já vivenciaram ou testemunharam algum tipo de caso de etarismo. Entre as mulheres, esse preconceito se manifesta em diferentes esferas, como nas oportunidades de trabalho, nos relacionamentos e até mesmo no modo como são percebidas na moda e na beleza.

Vencendo o preconceito

Apesar dos desafios, muitas mulheres e homens têm rompido essas barreiras, provando que o talento e a determinação são mais fortes que o preconceito. Um exemplo icônico, é o da modelo, empresária e ativista brasileira Luiza Brunet, que, aos 62 anos, continua inspirando diversas mulheres pelo seu trabalho e principalmente na defesa dos direitos e proteção das mulheres, vítimas de violência. 

Já a atriz americana Viola Davis, conquistou o seu primeiro Oscar aos 51 anos, mostrando que idade não limita o reconhecimento de talentos. 

Na moda, a modelo Maye Musk, mãe de Elon Musk, iniciou sua carreira aos 15 anos, mas foi depois dos 60 que alcançou fama internacional como modelo de marcas de luxo e escritora. Ela ainda, aos 76 anos, continua desfilando e trabalhando para campanhas publicitárias. 

Conforme explica a psicóloga Marta Gonçalves, especialista em questões de autoestima, “o etarismo pode minar a autoconfiança de pessoas que internalizam a ideia de que a idade define o seu valor. Porém, quando há uma mudança de mentalidade, essas mesmas pessoas podem transformar suas experiências em força.”

O sociólogo Pedro Almeida, que pesquisa discriminação etária, afirma que “a luta contra o etarismo requer um esforço coletivo para mudar narrativas. É necessário valorizar o conhecimento acumulado ao longo dos anos, pois ele é essencial para o progresso das sociedades.”

Dados que desafiam o preconceito

Uma recente pesquisa realizada pela Universidade de Stanford mostrou que empreendedores com mais de 50 anos têm uma probabilidade 1,8 vez maior de criar negócios de sucesso em comparação aos mais jovens. Além disso, no Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que 40% dos trabalhadores ativos com mais de 50 anos ainda contribuem de forma significativa para a economia do País. 

Na moda, a indústria também começa a reconhecer o poder da maturidade. Um estudo da Vogue Business revelou que campanhas com modelos acima de 50 anos aumentaram em 35% a identificação do público com as marcas, mostrando que a diversidade etária é bem recebida pelos consumidores.

Mudando a visão

Para combater o etarismo, é fundamental promover mudanças culturais que valorizem o indivíduo em todas as fases da vida. Isso inclui dar visibilidade aos exemplos que inspiram, repensar práticas discriminatórias e estimular debates sobre o tema nas escolas e universidades.

A sociedade só tem a ganhar ao reconhecer que as conquistas e experiências acumuladas ao longo do tempo são tão valiosas quanto a energia da juventude. Como disse a escritora e ativista Maya Angelou: “As pessoas esquecerão o que você disse e o que você fez, mas nunca esquecerão como você as fez sentir.” E isso… não tem idade! 

Olga Cruz

*Com informações obtidas: Marta Gonçalves, psicóloga:Entrevista concedida ao jornal Folha de São Paulo na reportagem “Preconceito etário e seus impactos na autoestima”, publicada em 15 de março de 2023. Pedro Almeida, sociólogo: ALMEIDA, Pedro. A Idade Invisível: Um Estudo Sobre o Etarismo no Brasil. São Paulo: Editora Socius, 2022. Pesquisa da Universidade de Stanford:AZOULAY, P.; JONES, B. F.; KIM, J. D.; MIRANDA, J. Age and High-Growth Entrepreneurship. Stanford University, 2019. Disponível em: https://www.gsb.stanford.edu. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE):Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mercado de Trabalho e Idade: Desafios e Perspectivas. Brasília: IBGE, 2023. Disponível em: https://www.ibge.gov.br. Estudo da Vogue Business:Vogue Business. Ageless Models: The Rise of Mature Representation in Fashion. Londres: Condé Nast, 2022. Maya Angelou, escritora e ativista:ANGEL, Maya. Wouldn’t Take Nothing for My Journey Now. Nova York: Random House, 199

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