Entenda em 5 pontos o depoimento de Bolsonaro ao STF sobre tentativa de golpe e ataques à democracia

Ex-presidente negou plano de golpe, chamou apoiadores de “malucos” e evitou responder sobre urnas; Moraes e Fux participaram do interrogatório

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10), como réu no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. Durante duas horas e sete minutos, Bolsonaro respondeu a perguntas dos ministros Alexandre de Moraes (relator), Luiz Fux, do procurador-geral da República Paulo Gonet e de advogados. Veja os 5 principais pontos do interrogatório:

1️⃣ Negou plano de golpe, mas admitiu reuniões sobre “alternativas”

Bolsonaro negou ter tramado um golpe, mas admitiu ter discutido com comandantes militares possibilidades “dentro da Constituição” após sua derrota para Lula (PT). Ele afirmou que, após poucas reuniões, o tema foi abandonado:

“Abandonamos qualquer possibilidade de uma ação constitucional e enfrentamos o ocaso do nosso governo”, disse.

2️⃣ Deturpou conceito de legalidade ao falar de estado de sítio

Ao mencionar a ideia de decretar estado de sítio, Bolsonaro indicou que havia discussões sobre medidas excepcionais mesmo sem justificativa legal. Especialistas apontam que o ex-presidente usou um argumento de “legalidade instrumental”, muito presente no meio militar, para afrontar a Constituição ao tratar medidas inconstitucionais como se fossem legítimas.

3️⃣ Chamou de “malucos” os apoiadores dos acampamentos golpistas

Sobre os manifestantes que montaram acampamentos em frente a quartéis pedindo intervenção militar, Bolsonaro disse:

“Tem sempre uns malucos ali com aquela ideia de AI-5, intervenção militar… jamais os chefes militares embarcariam nisso.”

A declaração contrasta com sua atuação após a eleição, quando evitou condenar os atos e chegou a estimular a mobilização desses grupos.

4️⃣ Mentiu ao justificar ataques à imprensa como economia orçamentária

Bolsonaro alegou que os cortes na verba publicitária à imprensa durante seu governo foram motivados por limites fiscais:

“Não é que eu cortei propaganda por maldade. É que eu tinha teto de gastos.”

No entanto, durante seu mandato, o ex-presidente protagonizou reiterados ataques à imprensa, xingou jornalistas, cancelou assinaturas de jornais, cortou publicidade em veículos críticos e pressionou empresas a não anunciar em determinados meios de comunicação.

5️⃣ Foi evasivo ao responder sobre fraudes nas urnas

Questionado diretamente por Moraes sobre quais evidências tinha para alegar fraude nas urnas eletrônicas, Bolsonaro evitou responder. Em vez disso, citou:

  • Declarações de outros políticos, como Flávio Dino e Carlos Lupi
  • relatório da PF com críticas técnicas ao sistema eleitoral
  • Sua defesa histórica do voto impresso

“A suspeição das urnas não é algo privativo meu”, disse, tentando diluir a responsabilidade.

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