Enquanto o arroz paga mais imposto que as bets, governo avança para aumentar ainda mais a carga tributária dos brasileiros

Proposta em debate no Congresso deve tornar o Brasil ainda mais caro para quem trabalha e consome
enquanto setores privilegiados seguem sorrindo.

O governo federal, que já ostenta uma das maiores cargas tributárias do planeta, quer mais. A proposta de regulamentação da Reforma Tributária em tramitação no Congresso, longe de aliviar o peso dos impostos sobre os brasileiros, caminha na direção contrária: tende a tornar a vida da população ainda mais cara — especialmente dos mais pobres e da classe média.

Se hoje já é uma realidade que itens essenciais, como alimentos da cesta básica, carregam uma carga tributária que chega a 33% em alguns produtos, a nova proposta praticamente oficializa o absurdo. O texto prevê restrições ao conceito de cesta básica nacional, permitindo isenção total apenas a alguns poucos produtos, enquanto alimentos amplamente consumidos, como carne, arroz, feijão e óleo, podem perder parte dos benefícios fiscais atuais.

A incoerência salta aos olhos quando se observa que, durante anos, plataformas de apostas — conhecidas como bets — operaram no Brasil praticamente sem pagar impostos ao governo federal. Mesmo após a recente regulamentação, as bets continuam pagando proporcionalmente menos impostos sobre sua atividade do que uma dona de casa paga para colocar comida na mesa.

Jogo leve para uns, peso pesado para outros

O contraste é gritante: enquanto o governo discute a taxação de ovos, leite e arroz, o setor de apostas online, que movimenta bilhões, segue com um regime tributário bem mais brando do que qualquer pequeno comerciante ou consumidor comum.

Mais do que uma distorção, trata-se de uma escolha política. O Brasil tributa o consumo — o que pesa no bolso dos mais pobres — enquanto protege setores de alto faturamento e mantém privilégios a grupos específicos.

Mais impostos, menos Brasil

O discurso oficial repete que a Reforma Tributária trará “simplificação” e “eficiência”. Mas, na prática, o que se desenha é uma substituição de impostos ruins por outros igualmente perversos, mantendo o país na liderança mundial da tributação sobre o consumo e deixando de lado a coragem para enfrentar o verdadeiro problema: o custo do Estado, o desperdício, os privilégios e a máquina pública inchada.

Enquanto isso, quem trabalha, produz e consome segue pagando a conta. O arroz, o feijão e o leite continuam carregando mais impostos que as bets. E o governo, que deveria proteger quem produz, parece mais interessado em arrecadar — custe o que custar.

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