Em entrevista concedida nesta segunda-feira (31) ao jornalista Carlos Ferreira do programa Giro Estadual de Notícias que é levado ao ar pelas emissoras do Grupo Feitosa de Comunicação, o cientista político Tony Ueno, diretor do Instituto Ranking Brasil, comentou os resultados do 2º turno das eleições para governador de Mato Grosso do Sul e para a Presidência da República. Além disso, ele informou que o seu instituto de pesquisa acertou, tanto o resultado para o Governo do Estado, quanto para presidente, bem como 21 dos 24 deputados estaduais eleitos e seis dos oito deputados federais do Estado.
No caso da vitória do ex-secretário estadual de Infraestrutura, Eduardo Riedel (PSDB), para governador, o cientista político lembrou que as escolhas erradas do deputado estadual Capitão Contar (PRTB) na questão de apoios no 2º turno foram fundamentais para a derrota. “No 1º turno, o Capitão Contar e o Eduardo Riedel ficaram com números muito próximos, todavia, quando vira para o 2º turno, o Contar recebeu apoios que a gente chama de apoio contaminado, que foram os do ex-governador André Puccinelli (MDB), do ex-prefeito Marquinhos Trad (PSD) e da deputada federal Rose Modesto (sem partido)”, declarou.
Tony Ueno completa que isso acabou não beneficiando o Capitão Contar, pois jogou por terra o discurso do candidato, que, no 1º turno, falava que era contra a corrupção e seria a verdadeira renovação, mas, no 2º turno, se alia a esses nomes tradicionais da política do nosso Estado, prejudicando suas bandeiras e fazendo com que não avançasse na conquista de mais votos. “Além disso, em Campo Grande, no 1º turno, o Capitão Contar teve 66% dos votos, enquanto Eduardo Riedel teve 34%. Porém, no 2º turno, entraram na campanha de Riedel a prefeita Adriane Lopes (Patriota) e mais 25 vereadores aqui do município, fazendo que a disputa tivesse um novo rumo na Capital”, avaliou.
Início de gestão – Para o cientista político, agora, o primeiro passo para que o governador eleito Eduardo Riedel tenha sucesso é costurar boas alianças. “Ele terá de fazer logo no início da sua gestão se alinhar cada vez mais com a prefeita de Campo Grande e com os prefeitos das cidades do interior que lhe deram apoio, tanto no 1º, quanto no 2º turno das eleições. Hoje, Eduardo Riedel está em uma situação muito privilegiada porque está com uma base consolidada nos municípios e também na Assembleia Legislativa, o que deve facilitar em muito a vida e a gestão do futuro governador de Mato Grosso do Sul”, projetou.
Sobre a principal diferença desta eleição para as outras eleições para governador do Estado, ele aponta para a questão de o Capitão Contar não saber escolher os apoios mais adequados. “Além disso, nos municípios, os prefeitos viram que, se o Capitão Contar ganhasse, teriam dificuldades com as obras de infraestrutura que já estão iniciadas, bem como com os programas das áreas de saúde, educação, segurança pública, esporte e lazer, então, a vitória dele seria um retrocesso. Nesse sentido, os prefeitos e a própria população sul-mato-grossense enxergaram que, neste momento, a continuidade de um trabalho que estava indo muito bem era a melhor opção”, avaliou.
Para o cientista político, agora, o primeiro passo para que o governador eleito Eduardo Riedel tenha sucesso é costurar boas alianças
Ainda na análise de Tony Ueno, o Capitão Contar não tinha uma grande rejeição, no 2º turno, a rejeição a ele não era grande, assim como a rejeição de Riedel também era baixa, a população não rejeitava nenhum dos dois candidatos, todavia, quando se colocava na balança a capacidade de gestão de ambos, não tinha comparação, pois o candidato do PSDB era muito mais experiente. “No entanto, o debate realizado na última quinta-feira (27) foi a gota d’água, ali ficou muito nítida a falta de preparo administrativo de Contar, até porque, o Capitão não estava indo aos debates realizados anteriormente, enquanto Riedel comparecia e demonstrava total conhecimento dos dados do Estado nos últimos oito anos. Enfim, com toda a certeza, os eleitores de Mato Grosso do Sul fizeram a opção certa e séria, acertando em eleger Eduardo Riedel”, reafirmou.
Acertos – O cientista político aproveitou para ressaltar que, durante o processo eleitoral de 2022 em Mato Grosso do Sul, o Instituto Ranking fez 181 pesquisas eleitorais. “Muitas vezes, as pessoas pensam que nós só fazemos as pesquisas que são divulgadas, porém, o nosso maior trabalho são as pesquisas internas. Nesse período, vários partidos e até mesmo os próprios candidatos e pré-candidatos nos procuraram, pedindo um trabalho de consultoria, assessoria e pesquisa. Por isso, fizemos um levantamento em todos os municípios do Estado e acabamos obtendo êxito em várias situações”, afirmou.
O cientista político aproveitou para ressaltar que, durante o processo eleitoral de 2022 em Mato Grosso do Sul, o Instituto Ranking fez 181 pesquisas eleitorais
Um exemplo, de acordo com ele, é que, no 1º turno, a Ranking acertou 21 dos 24 deputados estaduais e seis dos oitos deputados federais. “Na véspera do 1º turno das eleições, nós tivemos aquele imbróglio em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) fez a declaração de apoio ao Capitão Contar, desequilibrando o jogo. O que fez ele ir para o 2° turno, não foi sua capacidade de articulação e nem o seu grau de aceitação, mas o pedido pessoal do Bolsonaro. Na pesquisa boca de urna, divulgada às 16h01 do dia 2 de outubro, acertamos a ida do Capitão Contar para o 2º turno”, recordou.
Tony Ueno completa que, no 1º turno, o Instituto Ranking foi o que mais acertou os resultados em Mato Grosso do Sul, principalmente em relação aos deputados estaduais e federais. “Já no 2º turno nós fizemos 18 pesquisas eleitorais registradas no Estado e também fizemos pesquisas em nível nacional. Fiquei muito feliz porque nós cravamos o resultado para a Presidência da República em nível nacional, fazendo o levantamento em 26 Estados mais Distrito Federal, com um plano amostral muito bem elaborado, e, com isso, nós cravamos que o resultado seria 50,50% para Lula e deu 50,90%”, pontuou.
Projeção nacional – O cientista político completou que ficou muito satisfeito porque superou institutos renomados nacionalmente, como Data Folha, Ipec, entre outros. “Então, foi uma alegria muito grande. Neste 2º turno, em nível nacional, todos os institutos tiveram um acerto muito grande, mas a Ranking ficou entre os três com maior acerto em nível nacional. Já aqui no Estado nós divulgamos nesta última semana duas pesquisas registradas mais a de boca de urna. Nas duas registradas que divulgamos, nós falamos que o Eduardo Riedel venceria a eleição aqui em Mato Grosso do Sul com percentuais em torno de 53% e 54%, a última divulga no sábado (29/10) dissemos que seria 53,60% e fechou nas urnas em 56,90%, então, a margem de erro foi dentro daquilo que nós esperávamos.
Ele recordou que muitos criticavam a Ranking, dizendo que o instituto iria errar, mas, pelo contrário, cravou os resultados. “Para presidente, cravamos, pois falamos que o resultado aqui no Estado seria de 60% para Bolsonaro e 40% para Lula e o resultado oficial foi muito próximo disso. Ontem (30/10), na pesquisa boca de urna nós cravamos o resultado da eleição para presidente e para governador em Mato Grosso do Sul. Quando foram anunciadas 34% das urnas, eu já cravei que o Eduardo Riedel já podia colocar o terno para a posse e isso veio realmente a acontecer”, argumentou.
Segundo Tony Ueno, algumas pessoas de emissoras de rádio perguntavam se ele teria coragem de divulgar isso, se ele tinha certeza que não iria passar vergonha. “Eu disse que o trabalho que a gente faz é sério, de muita responsabilidade e com muita dedicação. Eu amo o que faço, não sou simplesmente um dono de instituto de pesquisa, a minha formação é na área de estatística e também sou cientista político, então, o trabalho que a gente faz é com amor e, quando você faz aquilo que gosta, realmente o resultado aparece e foi isso que aconteceu”, garantiu.
Mudanças – Na opinião do cientista político, a forma de fazer pesquisa eleitoral vai mudar e vai mudar muito, pois, com a chegada da Internet e com o novo censo nacional, vai facilitar muito o trabalho dos institutos. “Hoje, nós temos programas com GPS, programas em tempo real em que você pode entrevistar uma pessoa, tirar fotos, fazer imagens, gravar áudio, o que dá uma credibilidade muito grande. Agora, aquele instituto que deseja manipular, vai continuar errando e vai continuar passando vergonha. Hoje, nesta segunda-feira, após as eleições, estamos aqui dando entrevista com a cabeça erguida e com o peito estufado dizendo que fizemos o melhor e se tiver uma CPI em nível de Estado ou em nível nacional vamos ter orgulho de sentar em uma mesa diante de qualquer autoridade e dizer nós fizemos um trabalho sério e de responsabilidade. É isso que está faltando no trabalho de outros institutos em todo o território nacional”, argumentou.
Na opinião do cientista político, a forma de fazer pesquisa eleitoral vai mudar e vai mudar muito, pois, com a chegada da Internet e com o novo censo nacional, vai facilitar muito o trabalho dos institutos
Sobre como será a gestão do presidente eleito Lula, ele lembra que o petista tem algo que é só dele, ou seja, o poder de articulação. “Não vejo que ele tenha dificuldade de fazer articulação com o Congresso Nacional, que terá maioria bolsonarista. Quando o Lula foi eleito em 2002, ele também pegou um Congresso com maioria oposicionista, só que na época era o PSDB, mas conseguiu fazer uma boa articulação. Para Mato Grosso do Sul, o Lula foi um bom presidente, porque o nosso Estado é uma terra de gente que produz, que trabalha e ordeira, que procura o bem da nação, portanto, não vejo que ele tenha dificuldades para se relacionar com o futuro governador do Estado, com os senadores do nosso Estado e com os nossos deputados federais”, garantiu
Em relação ao Riedel, para Tony Ueno, o governador eleito terá uma porta aberta junto ao novo presidente da República, pois a articulação com o deputado estadual eleito Zeca do PT e com o deputado federal reeleito Vander Loubet (PT) fará muita diferença para Mato Grosso do Sul. “Já em relação ao Congresso Nacional, cuja relação está deixando muita gente temerosa, acredito que Lula também não terá dificuldade, pois, durante esses próximos dois meses, ele deve fazer a articulação necessária. Acredito que o Brasil não vai caminhar para trás, sou um brasileiro muito otimista, assim como sul-mato-grossense, pois temos um agronegócio muito forte, o nosso turismo também é forte, novas indústrias estão vindo para cá e teremos um grande centro de distribuição com a viabilização da Rota Bioceânica. Vejo que o nosso Estado não vai perder e não vai ter nenhuma dificuldade com a gestão do presidente eleito Lula”, afirmou.
Para o cientista político, a democracia brasileira está cada vez mais consolidada e agora é preciso fazer um momento de reflexão porque o Estado é bolsonarista, onde o presidente da República teve 60% dos votos e foram votos espontâneos, de pessoas que foram para as urnas para demonstrar sua confiança. “Todavia, quando você vai fazer um investimento financeiro, é preciso verificar como pretende investir esse dinheiro, de onde virá o retorno e a pesquisa eleitoral justamente atua para mostrar qual o melhor caminho”, ressaltou.
Em relação ao Riedel, para Tony Ueno, o governador eleito terá uma porta aberta junto ao novo presidente da República, pois a articulação com o deputado estadual eleito Zeca do PT e com o deputado federal reeleito Vander Loubet (PT) fará muita diferença para Mato Grosso do Sul
Ele finalizou a entrevista, reforçando que o Instituto Ranking oferece, além da pesquisa eleitoral, uma consultoria e uma assessoria em todas as áreas comerciais e políticas, sendo que o site é www.rankingpesquisa.com.br. “No nosso site, publicamos todas as pesquisas que nós divulgamos nesses últimos anos, de 2020 e agora de 2022. Estamos à disposição para todos aqueles que precisarem do nosso trabalho, desde emissoras de rádio e de televisão, sites de notícias, empreendimentos privados, câmaras de vereadores e prefeituras. É esse o nosso trabalho, levar informações precisas para as pessoas interessadas possam tomar uma decisão sábia e assim obter o retorno daquilo que tanto almeja”, concluiu.