Albertino Ribeiro – No Brasil, as dívidas com o cartão de crédito têm se tornado uma dor de cabeça para muitas pessoas. Segundo relatório do SPC Brasil, em 2024, 73 milhões de brasileiros estavam endividados, sendo 27,5% no cartão de crédito.
As dívidas com este meio de pagamento são as mais difíceis de serem quitadas devido aos juros escorchantes que podem chegar a 445% ao ano, segundo informações da Agência Brasil. É uma vergonha para o nosso país permitir a prática de taxa de juros tão abusiva.
As compras com cartão de crédito trazem uma falsa impressão de que temos dinheiro suficiente para gastar, pois não vemos as notas saindo da carteira e indo parar na mão do caixa de uma loja, por exemplo.
Segundo estudos da área de Neuro Economia, existe uma região em nosso cérebro que é ativada quando gastamos demais, provocando uma aversão, uma dor psíquica que impede que gastemos de forma excessiva. Pois bem, essa região fica menos ativada quando usamos o cartão de crédito, você sabia?
Assim como o açúcar nos traz uma satisfação e bem-estar imediato, o uso do cartão de credito também pode nos dar a mesma sensação, pois estes utilizam a mesma região do cérebro e o sistema dopaminérgico. Tanto a ingestão de açúcar como o uso abusivo do cartão, podem liberar a dopamina, um neurotransmissor que está associado ao prazer.
Se o consumidor não tomar cuidado, seu cérebro, para experimentar o prazer imediato, vai trabalhar para usar cada vez mais e mais o crédito do dinheiro de plástico.
O pior é quando acontece uma retroalimentação entre o descontrole financeiro e a ingestão de açúcar. Pesquisas tem mostrado que pessoas endividadas tendem a consumir mais açúcar, na tentativa de buscar um alívio para a sua ansiedade e frustração, por causa dos problemas gerados pelo endividamento.
O consumidor quando entra nesse ciclo passa a ter mais possibilidades de adoecer física e mentalmente; doenças como diabetes tipo 2, pressão alta, enxaquecas e gastrite são apenas alguns exemplos que acometem aqueles que ficam aprisionados por este duplo-vício.
O consumidor que entra nesse ciclo não deve se vitimizar e submergir na depressão e no desespero, mas deve buscar ajuda psicológica e financeira para não colapsar. Se não conseguir negociar a dívida com os credores, por exemplo, é importante buscar os órgãos de proteção que lidam com o super endividamento, para a obtenção do apoio necessário que poderá lhe trazer um alívio verdadeiramente duradouro.