Naquela pequena cidade, no interior de MS, onde um burro chamado e conhecido pelo nome de Tinga, que já era famoso por sua inesperada sabedoria, e onde vivia também um meteorologista chamado de Mané, que gostava de tomar tereré.
Mané era conhecido por suas previsões sempre erradas, mas tinha uma confiança inabalável em suas habilidades. O prefeito acreditava e sabia sobre a inteligência do burro Tinga, ainda, assim mesmo, tinha um ponto fraco: ele adorava ouvir as previsões otimistas do meteorologista Mané , mesmo que sempre acabassem em desastre.
Certo dia, Tinga, o burro inteligente da pequena cidade, com um olhar contemplativo para o céu carregado, relinchou de um jeito que todos na cidade interpretaram como um aviso de chuva iminente. Muitos correram para se proteger, mas nem todos conseguiram.
O prefeito que estava tomando tereré com seu meteorologista, ainda cético quanto à capacidade de previsão do tempo de um burro, correu para consultar o Mané, que com um sorriso no rosto e um tereré na mão, garantiu que o dia seria ensolarado e perfeito para um piquenique na lagoa.
Confiante, o prefeito chamou seu festeiro de nome Lino, e organizou um grande evento na lagoa, ignorando os céus cinzentos. No entanto, como o burro Tinga havia previsto, uma tempestade feroz desabou sobre a cidade, inundando as ruas e as casas, enquanto o prefeito se abrigava debaixo de uma árvore, Mané apareceu, oferecendo um tereré como consolo e dizendo “Não se preocupe, senhor prefeito, um pouco de água com menta nunca fez mal a ninguém!”, dizia ele, enquanto a tempestade rugia.
A situação se tornou tão caótica que os moradores começaram a construir barcos improvisados com portas e janelas.
Enquanto isso, Tinga, o burro sábio, já havia se abrigado na parte alta da cidade, onde o prefeito tinha feito uma capa preta, e de lá observando a confusão com um ar de ‘eu avisei’.
Após a tempestade, o prefeito finalmente reconheceu que nem sempre a confiança cega em previsões otimistas eram o melhor caminho.
Seu meteorologista orientou o prefeito que fosse visitar os moradores e prometesse uma indenização.
Diz o burro que a população aguarda até agora a indenização do prefeito que continua com seu meteorologista tomando tereré.
E assim, a pequena cidade aprendeu a rir e a chorar das suas desventuras, sempre lembrando que, às vezes, a verdadeira sabedoria vem acompanhada de um relincho e um tereré.
Tatú Canastra