Aplicar formulações avançadas de defensivos exige cuidados especiais

Laboratory Soil Analysis Female scientist in white coat measuring PH of soil sample with litmus strips Agrochemical examination of soil. Creative Banner. Copyspace image

O especialista e químico Amarildo Amente, detalha os reflexos no setor dessas soluções agrícolas, destacando o papel crítico na otimização de uso e redução de impactos ambientais

À medida que o mundo enfrenta desafios crescentes de sustentabilidade e segurança alimentar, a inovação nas formulações de defensivos agrícolas se apresenta como um componente crucial. Estima-se que técnicas avançadas dessas soluções podem reduzir o uso de ingredientes ativos em até 20%, minimizando o impacto ambiental enquanto mantêm ou até aumentam a eficácia dos produtos.

Essas formulações não são meramente misturas de substâncias químicas, mas sim, o resultado de intensas pesquisas e desenvolvimento com o objetivo de alcançar o máximo de eficácia com o mínimo impacto negativo possível. “A eficácia de um defensivo agrícola depende substancialmente da formulação. Não se trata apenas de quais ingredientes são usados, mas de como são combinados e aplicados. A escolha e proporção certas podem significativamente aumentar a absorção das plantas e reduzir a quantidade de produto necessária”, afirma Amarildo Ament, Químico Industrial e Responsável por Tecnologia e Desenvolvimento de Produtos. Ele falou sobre o assunto durante o 2º episódio do Podcast da Ascenza.

A indústria está passando por uma transformação significativa, impulsionada pelos avanços na ciência das formulações químicas. Atualmente, a simples tarefa de combater pragas e doenças não é suficiente; é fundamental que isso seja realizado de maneira responsável e eficiente. As formulações modernas, como concentrados emulsionáveis (EC), suspensões concentradas (SC), microemulsões e nanoemulsões, estão liderando essa mudança.

“Estamos agora olhando para formulações que não só aumentam a eficácia dos tratamentos, mas também contribuem para a sustentabilidade global. Por exemplo, alternativas com aditivos que reduzem a fotodegradação ou aumentam a resistência à lavagem por chuva”, diz Ament.

O papel dos surfactantes nas formulações EC, por exemplo, é o de ajudar na formação de micelas, que aumentam a área de contato do produto com a planta, melhorando a absorção e a efetividade. Segundo o especialista, tecnologias como o superespalhamento, que reduzem o ângulo de contato das gotas de aplicação, garantem que os defensivos cubram uma área maior e se fixem melhor às folhas, otimizando a quantidade de produto utilizado.

Estas novas formulações são projetadas para melhorar a solubilidade e a dispersão dos ingredientes ativos, garantindo que sejam mais facilmente absorvidos pelas plantas e menos dispersos no ambiente. Essa abordagem não só melhora a eficácia do tratamento das culturas, mas também reduz a quantidade de químicos necessários, diminuindo a contaminação do solo e das fontes de água.

“O caminho é identificar as melhores substâncias e componentes, os melhores surfactantes para a formulação. E aí por meio de testes de laboratório e de eficácia no campo, consegue-se desenvolver uma formulação em que os surfactantes e os tensoativos entreguem qualidade”, conta Ament.

Além da eficácia, a estabilidade dos produtos é outra grande preocupação abordada pelas novas formulações. Produtos que incluem aditivos para reduzir a fotodegradação são vitais em ambientes com alta exposição à luz solar, onde os defensivos tradicionais poderiam perder rapidamente sua ação.

Educação e implementação

Esses avanços também consideram a segurança na manipulação, armazenamento e transporte dos produtos. “Formulações que utilizam solventes menos voláteis ou inflamáveis contribuem para um ambiente de trabalho mais seguro e ajudam a evitar acidentes, que podem ter consequências desastrosas tanto para os trabalhadores quanto para o ambiente”, pontua o profissional.

Ament sublinha a importância de programas de treinamento e informação para agricultores e técnicos, garantindo que as vantagens dessas formulações avançadas sejam plenamente realizadas. Com uma aplicação adequada, essas tecnologias não apenas maximizam a produção agrícola, mas também promovem práticas mais sustentáveis. “Precisamos garantir que todos os envolvidos na cadeia agrícola entendam e implementem essas novas formulações. A educação e treinamento são fundamentais para adaptar essas tecnologias de forma segura e eficaz”, endossa.

As novas formulações de defensivos agrícolas representam um componente chave para uma agricultura mais sustentável e eficiente. Ao combinar ciência avançada com práticas responsáveis, a indústria pode não apenas enfrentar os desafios atuais de sustentabilidade, mas também garantir um futuro mais seguro e produtivo.

Você pode ouvir o podcast completo da Ascenza sobre esse assunto no endereço: https://ascenza.com.br/pt-br/podcast-ascenza

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