Vale tudo? Especialista diz se existe traição em relacionamento aberto

Psicóloga explica a dinâmica de casais não monogâmicos e como o diálogo é essencial para evitar traição em uma relação com esse formato

Helena Mandarino

Por mais que relacionamentos monogâmicos ainda sejam os mais comuns, as pessoas têm buscado outros modelos com cada vez mais frequência. Há, por exemplo, quem procure um relacionamento liberal para evitar as temidas “puladas de cerca”. Isso, então, levanta a questão: existe traição em relações abertas?

Para responder a pergunta, é preciso, antes, definir o que é um relacionamento aberto. De acordo com a psicóloga Fernanda Angelini, o relacionamento aberto está no “guarda-chuva” da não monogamia. “É comumente entendido como aquele em que eu me relaciono com uma pessoa e posso me relacionar romanticamente ou sexualmente com pessoas fora daquele relacionamento”, diz.

Sobre traição, a psicóloga afirma que tudo depende de cada casal — e que, sim, pode acontecer traição, mas não da forma como se imagina. “No senso comum, nos relacionamentos monogâmicos a traição quer dizer quase especificamente você ficar com outra pessoa. Porém, se você parar para pensar no termo traição, ele quer dizer se sentir traído. E há diversas formas de se sentir traído”, prossegue.

No caso das relações abertas, a traição tende a ser algo menos literal, como quando algumas das partes descumpre os combinados feitos previamente.

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“Não é bagunça”

Não é porque é aberto que é “bagunça”, defende a expert. Para o relacionamento funcionar — principalmente no começo — é necessário estipular algumas regras e manter o diálogo.

Há, por exemplo, quem tenha uma relação aberta em que a parceria não pode repetir encontros com o mesmo “crush”. Ou, ainda, aqueles em que é proibido levar pessoas para a casa onde vivem. Uma vez que esses “tratados” são ignorados, isso pode, sim, configurar traição, que nem sempre é só beijar na boca ou transar com outrem.

Geração Z tem interesse na não monogamia

Uma pesquisa da Ashley Madison, um site de relacionamentos extraconjugais, apontou que 62% dos jovens brasileiros com idade entre 18 e 29 anos disseram estar dispostos a tentar relacionamentos abertos.

Esse número é maior do que os de todos os outros países contemplados no levantamento, entre eles Reino Unido, Estados Unidos, México, Espanha e Canadá.

Segundo dados da pesquisa, 59% dos membros da geração Z desejam relacionamentos abertos ou poliamorosos. Entre os benefícios mais citados dessas modalidades estão “experiências de vida sexual e/ou romântica mais plenas” (65%) e “mente aberta/aceitação em relação a diferentes formas de amor” (54%).

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