Sexo após os 45: com idade, desempenho na cama dá lugar à busca por prazer

É de se esperar que, aos 45 anos, homens e mulheres já tenham superado encanações estéticas, conheçam muito melhor seu próprio corpo e seus desejos e tenham potencial para levar vidas sexuais plenas e realizadas —inclusive com o apoio da medicina!

Mas a verdade é que os estereótipos em torno dessa fase da vida ainda fazem muita gente se privar do prazer. A pesquisa “Prazeres Universa + Tech4Sex”, que entrevistou 1.000 mulheres de todo o país, revelou que, a partir dessa idade, a probabilidade de não se ter uma vida sexual ativa é maior.

Para discutir sensualidade, libido e sexo, o segundo painel do evento VivaBem no Seu Tempo teve como tema “O que é ser sexy depois dos 45?”. A conversa foi moderada pela jornalista e apresentadora Alicia Klein e teve a participação da arquiteta e escritora Joice Berth, do ator Malvino Salvador e da psicóloga e sexóloga Ana Canosa.

“A gente sabe que a sensualidade não tem data pra acabar, não tem prazo de validade, mas à medida que a gente envelhece, isso vai sendo ressignificado. O que muda? O que é ser sexy?”, questionou Alicia Klein ao abrir o painel.

“Eu acho que, entre todas as definições que a gente pode dar, a mais importante é que ser sexy é estar bem dentro da própria pele”, afirmou Joice Berth. “Assim, você faz com que todo mundo que esteja ao seu redor, interagindo com você, se sinta agradável por estar ao seu lado.”

Para o ator Malvino Salvador, o conceito tem muito mais a ver com o estado de espírito da pessoa do que o físico.

A autoconfiança e a autoestima deixam qualquer um sexy
Malvino Salvador…

“Eu sempre vivi tudo o que eu quis viver em todas as fases da minha vida e não tenho recalque algum. Isso faz com que eu me sinta presente no momento atual. Hoje, talvez eu me sinta até mais sexy do que eu me sentia antes”, afirmou o Malvino.

O estereótipo dos 45+

Joice Berth: ‘Acho que o boom da diversidade é altamente libertário. Por que que eu não posso gostar de uma pessoa que é mais gordinha, mais escura, mais clara?’

No entanto, os convidados reconhecem que, para muita gente, os estereótipos que circulam pela sociedade afetam a autopercepção e limitam a maneira como as pessoas experimentam ser sexy…

“Os estereótipos são tão naturalizados que lidamos com eles sem nem perceber. Mas faz muito bem questionarmos os incômodos. Se você se olhar no espelho ou na hora do sexo e de repente dá uma travada porque lembra que tem uma estria, uma celulite, vale se questionar por que que isso é tão importante. Eu acho que todo mundo sai perdendo numa sociedade onde as crenças limitantes correm soltas. Por isso, acho que o boom da diversidade é altamente libertário: por que que eu não posso gostar de uma pessoa que é mais gordinha, mais escura, mais clara?”, perguntou Berth.

Que corpo é esse?

Aceitar as mudanças do envelhecimento e adaptá-las é fundamental para continuar sentindo prazer, de acordo com Ana Canosa, que contou sobre sua experiência com a menopausa. Durante o período, a psicóloga se sentia mais cansada e seu “ser desejante no mundo” foi afetado. Também percebeu um estranhamento visual do corpo.

“Há um certo luto, inclusive porque a resposta sexual muda no envelhecimento.

Segundo ela, a diferença com o passar dos anos é que colocamos o sexo em outro lugar

“Não é mais o ‘sexo do desempenho’, o ‘sexo da narrativa’. Já foi isso, gente. Agora é outra coisa. É como é que eu faço para estar bem? Como eu faço para meu parceiro ou minha parceria também estarem bem?”, afirmou a sexóloga.

Para isso, Berth destacou a importância descolar os conceitos de autoestima e vaidade. “Autoestima não é aquela coisa de você se olhar no espelho e achar que está lindo, maravilhoso, com tudo em cima, mas, sim, a qualidade da relação que você tem com você mesmo. E isso inclui generosidade com suas falhas, com as imposições, como ruguinhas e flacidez ali. A autoestima nesse sentido fortalece para que não se caia nas armadilhas dos estereótipos etaristas.”

Sentir-se sexy

Perguntada quando se sente sexy, Berth contou que é quando está feliz, arrumada, com pessoas bacanas, batendo papo e quando realiza coisas e vence desafios.

“Em algumas práticas sexuais, em alguns momentos, quando eu quero brincar sobre ser muito sexy, muito sedutora, eu acho que aí eu me sinto também”, respondeu Canosa.

Malvino relatou ser movido por desafios. “Eu me sinto muito poderoso quando consigo realizar coisas. E quando eu tenho essas conquistas, sejam no âmbito profissional ou pessoal, eu me sinto muito bem. Por exemplo, quando eu fiz a minha primeira novela na Globo, me mudei para o Rio de Janeiro.”

Chama acesa.

Perguntado como mantém o desejo com a rotina de quatro filhos, Malvino acredita que o mais importante seja a admiração pelo parceiro ou parceira. “Aí vem naturalmente, num olhar.”

Canosa destacou a “memória erótica”: ” É aquele registro que você faz da sensualidade da outra pessoa. Então, você pode estar casado há vinte anos, mas na hora do encontro sexual você olha para a sua parceria com a ‘memória erótica’ que você construiu lá atrás e acontece. É a pessoa com quem você está reclamando do boleto, com quem você brigou, reclamou, mas na hora do sexo?”

VivaBem No Seu Tempo é um evento do UOL que reúne convidados especiais para falar sobre saúde, sexo, menopausa e mudanças na vida após os 45 anos, para que as pessoas possam aproveitar a maturidade da melhor forma possível e envelhecer bem. Confira aqui a cobertura completa do evento e veja todos os painéis deste ano no YouTube de VivaBem.

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