Dia das Mães: música é poderosa e “teletransporta” mãe para momentos felizes com filho que partiu por causa de um câncer

Colocar os fones de ouvido, escolher uma música especial e preparar-se para reviver bons momentos que marcaram nossa vida. A música é tão poderosa a ponto de fazer uma mãe teletransportar-se para uma viagem que marcou sua vida, a última que teve com seu filho, lá em uma praia de João Pessoa, na Paraíba.   

Renata Alves dos Santos Barrios é assistente social no Hospital Unimed Campo Grande e conta que uma música em específico a faz lembrar-se de Jonas, filho que faleceu em decorrência de um câncer em 2014.   

De todas as viagens que já fez, Renata enfatiza que a que mais lhe marcou foi a última feita com o filho e toda sua família para uma casa de praia em João Pessoa, onde ela recorda da alegria dele. “Sempre quando a gente viajava de carro eu me lembro de cantar uma música da Ivete Sangalo e ter o Jonas cantando junto comigo. A música é aquela ‘é tão bom viajarmos juntos e viver aproveitando tudo, amanhã vai ser melhor que hoje novos sonhos ao amanhecer’.”  

Renata também diz que viajar sempre foi muito importante para sua família e que conhecer novas culturas é um refrigério para a vida, ainda mais quando a musicalidade é tão presente, igual na família dela.  

A assistente social ainda conta que a vontade de atuar em hospitais apareceu em um momento delicado de sua vida, após seu filho, Jonas, ser diagnosticado com câncer. Vivendo por muitos meses dentro de uma unidade hospitalar, ela observou a importância que a sua formação tem dentro desses locais.  

Durante o processo de tratamento do seu filho, entre quimioterapias e preparação para cirurgia, ele veio a falecer. Por se considerar uma pessoa de espiritualidade, ela acredita que ele cumpriu sua missão com excelência.  

“Me recordo que um dia, enquanto ainda estávamos no processo de tratamento, que eu me sentei na cama do hospital e falei que se pudesse passaria por todo aquele sofrimento no lugar dele e a frase de resposta foi: ‘mamãe, eu queria que a senhora me prometesse que nunca vai deixar de sorrir, porque seu sorriso vai ser sempre a minha força’, e naquele momento eu vi que ele não queria que eu sofresse ou entrasse em desespero, apenas queria que eu estivesse ali com ele”, completa contando que até hoje faz de tudo para manter sua promessa.  

Por fim, Renata fala sobre resiliência: “nunca sabemos o dia de amanhã. Durante o processo que eu vivi a gente tinha que viver a cada dia, embora fossem difíceis nós estávamos ali, sempre juntos. A vida nunca é sempre alegria, por isso é importante viver bem e aproveitar as pequenas coisas como, ver um filme, ter a família unida, nunca deixando para falar amanhã que amamos alguém. Nós só temos o dia de hoje para amar, portanto devemos eternizar cada momento vivido”.  

Efeitos da música   

Psiquiatra e cooperado da Unimed CG, Dr. Marcos Estevão dos Santos Moura, explica porque a música tem essa capacidade de remeter às pessoas tantas lembranças: “as lembranças desde a tenra idade são fixadas e retidas em áreas cerebrais, que futuramente podem ser ativadas por algo forte o bastante para envolver emoções ligadas a episódios importantes da vida. Um dos elementos capazes de ativar essas emoções é a música. Ela funciona como estímulo à ativação de áreas cerebrais envolvidas nas emoções, propiciando a evocação de memórias, ligadas a diferentes eventos de diversos momentos da vida”, informa.  

O especialista conclui que “quando a música é prazerosa é capaz de ativar estruturas límbicas e paralímbicas, promovendo, com isso, uma redução da atividade de nossas descargas de adrenalina e hormônios do estresse, reduzindo a ansiedade e a dor”.    

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