A ergonomia no bom funcionamento da cozinha

 Na distribuição das áreas que compõem o ambiente, as medidas indicadas pelo projeto de arquitetura são fundamentais para o bem-estar e autonomia do usuário, além da boa utilização da estrutura contemplada para a cozinha

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Neste ambiente para a CASACOR São Paulo 2023, o arquiteto Bruno Moraes dedicou-se à concepção de sua ‘Cozinha Funcional’. Junto com o layout e as orientações do décor, o profissional assinala que a utilização prazerosa do ambiente está relacionada à ergonomia destinada para cada parte de sua composição | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Com a notoriedade que as cozinhas conquistaram nos projetos residenciais, um ponto tornou-se ainda mais evidente na sua concepção: a importância da ergonomia. Ao reunir tantas funções, muitas delas por meio dos eletrodomésticos que ganharam mais espaço e utilização, não dá para deixar de lado as referências que fornecem o bem-estar físico dos seus usuários. “O ato contínuo de cozinhar ou lavar louças em uma bancada muito baixa ou muito alta causa desconforto e, em médio e longo prazo, problemas de saúde”, avalia o arquiteto Bruno Moraes, à frente do escritório BMA Studio.

O profissional aponta a compreensão da funcionalidade almejada para a cozinha como um atributo que corrobora nas decisões que impactarão em uma ergonomia salutar. Ainda de acordo com o arquiteto, essa otimização é um requisito indispensável em seus projetos, ainda mais quando o ambiente integra uma morada pensada para ser vivida em um longo prazo. “Não faz sentido habitarmos em uma casa que nos deixa desconfortáveis. A ergonomia interfere diretamente em nosso humor e saúde”, considera.

Mas, quais conceitos nasce uma cozinha ergonômica? Confira algumas características apontadas por Bruno Moraes:

Armários de cozinha:  

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Na imagem, a cozinha em L trouxe maior funcionalidade para o espaço e para a família, a marcenaria aparece nos armários com detalhes provençais sutis, cantos arredondados e estilo retrô combinando com a janela | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Um dos principais móveis de uma cozinha são os armários, que ocupam grande parte da área. Quando armários superiores são instalados acima do blackspash, o recuo é imprescindível para evitar acidentes como bater a cabeça na hora de lavar a louça, caso esse espaçamento não for necessário, basta ampliar a distância em relação à bancada. Em termos de medidas, o arquiteto sinaliza uma distância de 75 cm, quando temos o armário superior recuado do alinhamento da bancada, mas quando temos o armário superior alinhado com a bancada, sem recuo, precisa-se ter mais de 1m de distância entre armário e bancada.

Circulação no espaço:

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A cozinha passou por uma repaginação para que pudesse atender as necessidades do casal de moradores. No dia a dia quando eles estiverem sozinhos, ou recebendo visitas, com muito espaço para preparo e para recepção | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

O ponto de partida é entender o fluxo da cozinha e a dinâmica dos moradores. Em layouts que apresentam apenas a bancada à frente de alguma parede, “cozinha corredor”, o profissional recomenda uma circulação maior, para não passar a impressão de ambiente apertado ou claustrofóbico. De modo geral, a ideia é que o posicionamento dos móveis e eletrodomésticos não atrapalhem na dinâmica de preparação das refeições e no bem-receber dos moradores. Para Bruno Moraes, uma circulação entre 90 cm e 1,05 m propicia uma movimentação apropriada.

Torre quente

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O arquiteto Bruno Moraes sugere considerar a altura de no mínimo 85 cm para a instalação do forno | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Ainda que para muitos ela pareça apenas um charme, pensar ergonomicamente na torre quente transforma a cozinha de maneira fantástica. Para isso, é preciso analisar as características do eletro, para produzir a marcenaria que o receba corretamente e que considere as necessidades de respiro de cada equipamento. “A leitura do manual é primordial para conhecermos as especificações do fabricante e desenvolver um projeto alinhado”, detalha Bruno.

No que diz respeito às dimensões do nicho, ele indica que, em geral, as empresas sugerem um mínimo de 60 cm de profundidade, entretanto, vale sempre uma análise personalizada por parte do arquiteto, que entre outros pontos, precisa considerar uma altura que seja confortável aos olhos e ao acesso do morador.

Cooktop e pia:

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Outra medida referencial é a espessura da bancada que receberá a peça, que vai depender de acordo com a resistência do material que escolher | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

De maneira geral, o profissional considera a instalação do cooktop em uma altura entre 90 a 95 cm do piso, mas visando o conforto, ele deixa para bater o martelo após analisar as características do morador. O planejamento ainda considera uma distância mínima da parede, bem como um espaçamento, nas laterais do cooktop, que servirá como ventilação e uma área destinada para apoio dos alimentos.

Para evitar superaquecimento, é fundamental considerar uma folga entre 5 e 10 cm do fundo, dependendo do modelo que escolher, e sempre prever uma distância mínima da pia da cozinha (50 cm é um bom parâmetro) para não respingar água durante o uso da torneira. Semelhante ao cooktop, as pias acompanham o no mesmo nível da bancada.

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Na ilha com cooktop, o arquiteto Bruno Moraes considerou uma superfície com 4,40 m de comprimento, 1,20 m de largura e 92 cm até o piso | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Bancada e setores de trabalho:

Para as bancadas de trabalho, o arquiteto recomenda entre 90 a 95 cm de altura a partir do piso, sendo que propostas mais altas, como um balcão, podem atingir entre 1 a 1,10 m. E quando a área recebe a atribuição de servir, em geral as banquetas devem apresentar uma altura de 75 cm, no caso de balcão e banquetas com altura de 65 cm para bancadas de até 95 cm do piso, deixando um recuo de 25 cm para o encaixe das pernas embaixo do balcão e um mínimo de 10 cm de recuo para o apoio dos pés na base de alvenaria, que normalmente é elevada do piso entre 10 e 15 cm com relação ao piso.

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Para essa área de cocção, embutimos o forno na marcenaria, o cooktop na bancada de lâmina ultracompacta e a calha úmida para colocarmos especiarias e o essencial para cozinhar as refeições. Ao redor da coifa, projetamos uma estrutura em serralheria que funciona como uma prateleira decorativa, onde expomos nossos livros de receitas e plantas | Projeto BMA Studio | Foto: Guilherme Pucci

Sobre BMA Studio

O arquiteto Bruno Moraes atua há mais de 19 anos no mercado de arquitetura e interiores, com sólida experiência em projetos e execução de obras. Formado pela Faculdade Belas Artes de São Paulo (FEBASP) e pós-graduado em Gerenciamento de Empreendimentos na Construção Civil pela FAU Mackenzie, Bruno iniciou sua carreira em grandes escritórios, como o do renomado arquiteto Siegbert Zanettini.

Em 2017, fundou o escritório Bruno Moraes Arquitetura, com foco em projetos residenciais, reformas de apartamentos e espaços comerciais. O crescimento demandado por obras completas levou à criação de uma estrutura própria para execução e gerenciamento de obras, com equipe especializada e treinada. Essa expansão culminou, alguns anos depois, na transição da marca para BMA Studio, unificando os serviços de arquitetura e execução sob um novo posicionamento, mais alinhado aos diferenciais do escritório. O BMA Studio é a evolução da Bruno Moraes Arquitetura, mantendo a mesma essência, equipe e compromisso com a qualidade.

O escritório atua em projetos de casas, reformas, retrofits, espaços corporativos, áreas comuns de edifícios e stands de apartamentos decorados. Conta com um aplicativo próprio para a gestão das obras, otimizando processos e comunicação com os clientes.

Entre os principais clientes estão o Grupo Volkswagen, as multinacionais Arauco e Fabbri, os escritórios da Tecban (Banco 24h), as Sorveterias Rochinha e um projeto de revitalização urbana no bairro do Bixiga. Também participou da Mostra Casa Saudável HBC e tem obras executadas em diversas regiões do país.

A marca já teve seus projetos e vídeos publicados em importantes veículos de arquitetura. Bruno também assina colunas no Portal PiniWeb, apresenta o podcast de Arquitetura Corporativa para o Club&Casa Design, e foi apresentador do podcast do Viva Decora. De 2019 a 2024, participou do quadro de decoração do Programa da Eliana, no SBT.

Em 2023, estreou na CASACOR São Paulo com o ambiente ‘Cozinha Funcional’ e foi premiado pela VEJA São Paulo como Melhor Ambiente na categoria Cozinha Integrada ou Cozinha Gourmet. Em 2024, retornou à mostra com o espaço ‘Acalanto e Encontros’, reafirmando seu compromisso com a inovação, funcionalidade, bem-estar e brasilidade nos projetos.

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