Pedro Renault, economista do Itaú Unibanco, explora os principais eventos econômicos de 2024 e o que esperar para 2025.
Olá.
O ano de 2024 foi um período de desafios para a economia nacional e global, marcado por eventos que testaram a resiliência dos mercados e das políticas econômicas em todo o mundo.
Então, hoje, gostaria de falar com você sobre os principais acontecimentos do ano e como se comportou a economia brasileira, além do que esperamos para o próximo ano.
Vamos lá?
Cenário global: conflitos e mudanças políticas
Para começar nossa recapitulação, não podemos deixar de mencionar as questões geopolíticas ao redor do globo que, além de terem consequências humanitárias, influenciaram diversos setores e mercados. O conflito no Oriente Médio se somou à guerra no leste europeu, contribuindo para um ambiente de incerteza econômica, com volatilidade significativa nos mercados financeiros globais.
Nos Estados Unidos, as eleições trouxeram volatilidade com a vitória de Donald Trump, que obteve maioria nas duas casas do Congresso. Isso indica boa governabilidade para o início de seu mandato, onde os mercados focarão na implementação de suas propostas de aumento de tarifas ao comércio exterior, expansão fiscal e restrição à imigração. Essas medidas tendem a gerar efeitos inflacionários, e a expectativa é de que haja menos espaço para a redução dos juros, contribuindo para o fortalecimento do dólar.
Desafios econômicos na China
A China, por sua vez, enfrenta um descasamento entre oferta e demanda.
A demanda está fraca, impactada pela fragilidade do mercado imobiliário e da construção, enquanto o governo estimula a indústria para evitar uma desaceleração brusca do crescimento. No entanto, esse modelo apresenta sinais de esgotamento, e a escalada do protecionismo em mercados desenvolvidos é um desafio claro pela frente.
Até agora, os estímulos voltados à demanda anunciados pelo governo chinês têm decepcionado, permanecendo mais no campo da promessa do que da prática.
Economia brasileira: crescimento e desafios internos
Agora, vamos falar do Brasil.
2024 começou com expectativas mistas em relação ao crescimento. A catástrofe no Rio Grande do Sul em maio gerou dúvidas, mas a recuperação foi rápida, e a economia surpreendeu positivamente, com um crescimento de 3,6% no ano. No entanto, há sinais de que está aquecida demais, com projeção de desaceleração do PIB para 2,2% em 2025.
A inflação, medida pelo IPCA, está na faixa de 5% e deve permanecer nesse patamar ao longo de 2025, com riscos de alta. A pressão vem dos alimentos e do câmbio, além do setor de serviços, que está intimamente ligado ao aquecimento da economia e do mercado de trabalho.
Política Monetária e Fiscal
O Banco Central elevou os juros para conter o consumo e ajustar a economia a uma velocidade sustentável. A pressão do câmbio e as expectativas de inflação, ligadas ao risco fiscal, são fatores importantes. O Copom acelerou o ritmo de alta dos juros, e a taxa Selic deve subir até 15%, na nossa visão.
E a questão fiscal foi um dos debates mais importantes do ano. O pacote apresentado pelo governo trouxe medidas na direção correta, mas com poucas mudanças estruturais, o que pode comprometer o cumprimento do limite de despesas até 2026. Além disso, o aumento da isenção do imposto de renda sugere menor priorização da limitação de despesas, trazendo riscos de perda de arrecadação.
Perspectivas para o câmbio
A combinação de pressão externa e incertezas domésticas levou o real a se depreciar mais de 20% no ano.
Para 2025, apesar da força global do dólar e dos riscos locais, a alta dos juros tende a trazer algum suporte para a moeda, com projeção de câmbio em R$ 5,70 por dólar no fim do ano.
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Esse foi o nosso giro pela economia em 2024 e perspectivas para o ano que se inicia.
Em 2025, continue acompanhando o íon Itaú para ficar sempre atualizado sobre os principais eventos do mercado, nossas projeções e como eles impactam a economia e, é claro, os seus investimentos.
Até a próxima.