Vendedora de lingerie investe em sonho e aos 59 anos conquista o diploma de Designer de Moda

O sorriso no rosto e aquele suspiro de satisfação e orgulho por chegar onde chegou, fazem parte da essência da costureira e a mais nova Designer de Moda, Dalva Gimenes Rosa, 59 anos. O diploma é novo, porém, a intimidade com a máquina de costura, linhas e tecidos já vem de longa data.

De família humilde, a vontade de criar roupas para as bonecas já a acompanhava desde os sete anos de idade na pequena cidade de Itaporã, interior do estado de Mato Grosso do Sul. “Eu costuro desde criança, pegava retalhos de tecido e ia para a máquina, sempre tentando inventar as coisas”, lembra Dalva.

Quando tinha 15 anos, na época estudante do antigo colegial, ela ganhou um curso de costura da escola, mérito das suas excelentes notas. “Eu sempre gostei de aprender, de criar, de inovar, nunca fiquei parada e sempre corri atrás dos meus sonhos. O meu maior medo era ficar para trás”.

Ela já trabalhou como babá, faxineira e vendedora, mas o que mais gostava de fazer mesmo era vender. Em busca de seus sonhos se tornou revendedora de uma empresa de lingerie, na capital sul-mato-grossense. Vendia muito, juntava dinheiro, mas não era o suficiente, já que repassava grande parte do valor arrecadado à empresa, lhe restando um lucro de cerca de 30%. Esse era o dinheiro com o qual sustentava os filhos, Mauro Fonseca Rolon Filho, 31, e Daiany Gimenes Fonseca Rolon, 29.

Entre a uma venda e outra, um pedido inusitado de uma cliente, uma peça de lingerie que a empresa não fabricava. Pensando em atender a “freguesa”, Dalva colocou a mão na massa e desenhou o seu primeiro modelo, exatamente como a cliente havia pedido.

A princípio, a empresa não quis fabricar a peça, porém, depois da insistência da vendedora resolveu produzir a lingerie que teve excelente aceitação no mercado. “Quando você junta a vontade de fazer alguma coisa e você faz, seja dentro da maior dificuldade que você tenha, você consegue”, explica.

Foi aí que a jovem costureira decidiu mudar de vida. Deixou a revenda de lingerie e encorajou-se a criar o seu próprio negócio, criando as suas peças exclusivas. Dalva fez um empréstimo no banco e comprou duas máquinas de costura e começou a fabricar calcinhas e sutiãs. “Eu fabricava à noite e vendia nas ruas durante o dia pelo preço de cinco reais cada peça”, relata.

Vendo a necessidade de aperfeiçoar as suas habilidades na costura, Dalva decidiu apostar em curso de lingerie e costura industrial. Na época, a costureira atendeu muita gente, porém o mercado cresceu com a chegada de grandes indústrias na região. A costureira, então, decidiu partir para o ramo de camisaria, fabricando uniformes para empresas, negócio que deu tão certo que é o seu meio de sustento até os dias de hoje.

A realização de um sonho

Após formar os dois filhos em universidade particular, Dalva então viu que havia chegado a hora de realizar o seu próprio sonho: fazer um curso superior. “Eu sempre tive vontade de estudar, de ocupar a minha cabeça, de me desenvolver cada vez mais. Eu queria o curso de Design de Moda, então fiz vestibular e tirei 8 na redação. Foi aí mais uma vez que eu vi que eu era capaz”.

Aos 57 anos, frequentar uma sala de aula com 29 alunos com idades entre 18 e 24 anos, não foi problema para Dalva. A experiência de vida e a responsabilidade sempre falaram mais alto, porém, quando o assunto era tecnologia, havia certa dificuldade.

“Eu tinha aulas de desenho no computador, tinha que fazer trabalhos digitais e isso eu sofri muito, mas sempre contei com o apoio dos meu filhos que foram tudo pra mim. Nada me abalou”.

Mauro Fonseca, filho de Dalva, e hoje formado em Administração de Empresas, sempre esteve pronto a ajudá-la nos momentos de maior dificuldade. Tudo que a costureira fez pelos filhos, é motivo de orgulho.

“Eu e a minha irmã sempre a incentivamos no aprendizado, com base em tudo o que nos ensinou. Dificuldades com o Corel Draw e outros programas de computadores eram possíveis de se vencer e é aí que nós ajudávamos no que era possível, trabalhos de Desenhos de fichas técnicas, por exemplo”, se orgulha o filho.

Dalva também se mostrou exemplo de superação para os próprios colegas de sala. Os jovens se inspiravam nela para não desanimar. Além dos alunos, a costureira também chamou a atenção dos mestres. “A dona Dalva foi um exemplo no nosso curso.

Exemplo de vida, de força de vontade. O curso superior deu à ela muitas expectativas profissionais, além de técnicas de produção e conceitos”, explica Carolina Debus, coordenadora do Curso de Design de Moda Anhanguera-Unierp, mestre em Educação e Pós-graduada em Design para Estamparia.

Fazer um curso superior vai muito além de abrir portas para o mercado de trabalho, o conhecimento adquirido na universidade é capaz de abrir a mente do ser humano. É na academia que o acadêmico recebe a formação completa da profissionalização.

“No caso do curso de Design de Moda, a Uniderp é a única universidade de nível superior aqui de Mato Grosso do Sul nesta área, e é dentro da universidade que o aluno tem contato com os mais diversos conteúdos teóricos, atividades práticas que simulam situações reais, participam de projetos de extensão, desfiles, etc, sempre com a orientação dos docentes”, aborda a coordenadora do curso.

Foram dois anos de muito aprendizado até que chegou o momento do tão esperado TCC (Trabalho de Conclusão de Curso).  Inovando sempre, Dalva não pensou duas vezes em surpreender os professores e os colegas de sala. Levou para o desfile de moda final a proposta de uma orquestra sinfônica, com três vestidos que carregavam design e conceito que lembrassem instrumentos musicais. Além disso, a acadêmica ainda apostou na criatividade e convidou uma orquestra completa para se apresentar ao vivo durante o desfile dos vestidos. Resultado disso tudo: nota máxima na apresentação!

Mauro não mede palavras para dizer o quão orgulhoso é das conquistas de sua mãe. “Vimos o esforço dela ao longo da vida para nos sustentar e nos dar educação, sonhos, metas, objetivos, somos imensamente agradecidos e temos por missão passar a mensagem desta guerreira à nossa futura família. Seu legado será passado e fica como lição de vida para muitas pessoas que acreditam que a idade é um fator limitante para o nível superior e ao aperfeiçoamento de sua profissão”, afirma o filho.

A designer de moda não quer parar por aqui. Um dos seus sonhos já foi realizado: se formar e abrir o seu próprio ateliê. Agora, ela já planeja fazer uma pós-graduação para aperfeiçoar ainda mais os seus conhecimentos e as suas técnicas, além de montar a sua própria fábrica de camisaria.

“É preciso olhar lá na frente. Sonhe e nunca desista do que você sonhou, porque é no sonho que você vai à luta. Para as pessoas que têm a minha idade, que já aposentaram ou estão prestes à aposentar, eu digo para ficarem antenadas nas coisas novas. Nós precisamos acompanhar os jovens. Se eu fosse olhar para a minha idade, eu não iria para a faculdade. Tudo isso que eu vivi e ainda vivo faz bem para a minha mente, para o meu corpo. Eu garanto que hoje sou muito mais feliz e realizada”, conclui a designer de moda.
 
Carreira acadêmica com prêmios internacionais

Em contrapartida, há ainda jovens que apostam nos estudos desde cedo e já são veteranos em participações de feiras científicas nacionais e internacionais e carregam prêmios de grande valia para a sociedade. Este é o exemplo de Luiz Fernando da Silva Borges, estudante de apenas 18 anos que tem em seu currículo uma ampla bagagem na área da Ciência.

Nascido e criado na cidade de Aquidauana, interior de Mato Grosso do Sul, Borges conquistou o seu último prêmio em maio deste ano, na Intel Isef 2017 (Intel Intenational Science and Engineering Fair) em Los Angeles, EUA. O projeto premiado, Hermes Braindeck, faturou um prêmio de US$ 1.500 pelo segundo lugar na categoria de engenharia biomédica.

Luiz Fernando criou uma espécie de capacete no intuito de estabelecer uma comunicação em pacientes diagnosticados com falso coma. O dispositivo portátil realiza a conversão das ondas cerebrais (pensamentos) em respostas. É uma nova configuração para identificação de consciência em pessoas inicialmente classificadas no estado vegetativo de coma, que lhes dá a possibilidade de comunicação com a família e com os médicos.

“O meu projeto veio inovar o que hoje é utilizado na medicina. Atualmente, para a classificação de consciência é a chamada escala de coma de Glasgow já muito criticada na literatura porque ela não pode avaliar alguns aspectos motores quando as pessoas não são capazes de movimentar os seus membros de maneira voluntária, ou seja, a escala só contempla uma série de instruções que você diz para o paciente e, se ele conseguir movimentar os membros, poder abrir e fechar os olhos, você classifica entre coma leve, coma profundo, estado vegetativo”, explica Luiz Fernando.

Recém concluído o Ensino Médio e o curso técnico do Instituto Federal do Mato Grosso do Sul, o estudante sempre frequentou escolas públicas e já busca uma vaga nos bancos acadêmicos de grandes universidades como Stanford, Harvard, Yale e Duke, para estudar neurociência e engenharia biomédica.

Para o jovem cientista, o segredo é nunca parar de estudar. “Gosto de falar em nome da Ciência, pois ela pode ser sim um meio de transformação social.  O ideal seria que acadêmicos e professores de universidades tivessem mais diálogo com a sociedade. A ciência tem que ter uma função concreta, porque é ela que salva e constrói vidas. Para os acadêmicos eu digo: saiam dos laboratórios e falem para alunos do Ensino Médio, Ensino Fundamental. Se, dos 30 alunos, conseguir inspirar um, já é um salvo para a nossa jornada dedicada a descobrir coisas e visando sempre ajudar a humanidade”, aconselha Luiz Fernando que está de malas prontas para realizar um estágio no Instituto de Israel.
 
A bagagem do jovem cientista

Estudante do curso técnico integrado em informática no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul – Campus de Aquidauana.

Membro do Núcleo de Atividades em Altas Habilidades/Superdotação de Campo Grande – MS e da Sociedade Brasileira de Computação. Nos últimos 3 anos vem desenvolvendo pesquisas e tecnologias na área de Engenharia Biomédica com: modelagem estatística de processos termodinâmicos para amplificação de DNA; próteses robóticas de membro superior com feedback tátil; dispositivos de monitoramento do sono para a regulação do ciclo circadiano e interfaces cérebro-máquina de loop fechado embarcadas em sistemas de processamento distribuído para a comunicação com pessoas inicialmente classificadas em estado vegetativo ou coma.

Laureado com mais de 40 prêmios como resultado de suas participações em feiras de ciências e engenharia nacionais e internacionais, sendo o primeiro e único brasileiro a receber os prêmios de primeiro lugar e melhor da categoria, em Engenharia Biomédica, na maior feira de ciências e engenharia do mundo: a Intel International Science and Engineering Fair (Intel ISEF).

Além disso, recebeu também o prêmio concedido pelo MIT Lincoln Laboratory, por meio do programa Ceres Connection, tendo seu nome submetido para a International Astronomical Union (IAU), para a oportunidade de ter um asteroide próximo do Planeta Terra batizado com seu nome.

Por: Thalita Vieira
 

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