Dos quatro vereadores julgados na tarde desta segunda-feira (12), na Câmara Municipal de Naviraí, a 350 km de Campo Grande, três foram cassados e um renunciou ao cargo. A sessão de julgamento terminou por volta das 19h30 (horário local), depois de 5 horas e 30 minutos de duração.
Foram julgados e cassados Cícero do Santos, ex-presidente da Câmara que está preso, Carlos Alberto Sanchez e Adriano Silvério, que respondem o processo em liberdade. Marcus Douglas Miranda, que está em prisão domiciliar, renunciou ao mandato após a defesa durante a sessão. Segundo a polícia, eles cobravam proprina de comerciantes para a liberação de alvarás e parte dos salários dos servidores comissionados.
O primeiro a apresentar defesa foi Adriano Silvério (SDD). Ele foi cassado com dez votos a favor e dois contra e saiu da sessão sem falar com a imprensa. O presidente da Câmara se absteve da votação de Silvério. O segundo mandato votado foi o de Carlos Alberto (SDD), cassado com 11 votos a favor e dois contra. Ele saiu da sessão antes do fim da votação.
O ex-presidente da Câmara, Cícero dos Santos, expulso do PT na semana passada, foi cassado por unanimidade. O último a fazer a defesa foi Marcus Douglas (PMN), que renunciou. A população local acompanhou o julgamento por um telão instalado do lado de fora da Câmara Municipal e comemorou as cassações com fogos de artifício.
Os quatro foram acusados de improbidade administrativa durante operação Atenas, da Polícia Federal, em outubro de 2014, quando oito vereadores da cidade foram presos. Após as prisões, a casa de leis abriu uma Comissão Processante para investigar os parlamentares que também são acusados de corrupção e desvio de dinheiro público.
Outros três parlamentares presos serão julgados em sessão que deve ocorrer em fevereiro. A ex-vereadora Solange Mello renunciou no dia 7 de novembro, quase um mês depois da operação.
Na noite de domingo (11), manifestantes acamparam em frente ao prédio do Poder Legislativo da cidade. Com cartazes e faixas, eles pediram o fim da corrupção no órgão e a cassação de todos os denunciados.
Os vereadores foram afastados dos cargos em outubro de 2014, após serem acusados por improbidade administrativa e corrupção. Todos tiveram prisão preventiva decretada por tempo indeterminado e foram detidos durante a Atenas, desencadeada pela Polícia Federal (PF). Eles negaram as irregularidades.
Operação Atenas
Além dos mandados de prisão, a operação Atenas também cumpriu 28 conduções coercitivas e 35 mandados de busca e apreensão. As suspeitas são de envolvimento nos crimes de formação de quadrilha, corrupção e extorsão contra o Poder Executivo.
Segundo a assessoria de imprensa da PF, na ação, foram apreendidos 27 carros, uma motocicleta, um barco, R$ 70 mil em espécie e ainda um cofre cujo dono disse aos policiais que havia aproximadamente R$ 50 mil dentro.
De acordo com a polícia, os legisladores são suspeitos de cobrar propina de comerciantes para a liberação de alvarás de funcionamento, desvio de dinheiro público e cobrança de partes dos salários dos servidores comissionados.