Com a proximidade das eleições, a gestão do prefeito Alcides Bernal corre para tentar providenciar soluções de última hora para assuntos que ficaram pendentes por meses. Nem tudo tem saído como esperado, reforçando o ditado popular “a pressa é inimiga da perfeição”.
Nesse caso, a pressa decorre justamente da lentidão anterior, do descaso que perdurou por muito tempo em diversos setores que aguardavam melhoriase investimentos. Esse despreparo ante a busca por mostrar serviço ficou evidente no lançamento da reestruturação do novo Portal da Transparência.
No comparativo com outras capitais brasileiras, Campo Grande ocupa a última colocação do ranking elaborado pelo Ministério Público Federal. Na contramão de outros gestores, que aperfeiçoaram o que preconiza a legislação datada de 2009, a prefeitura retrocedeu e conseguiu piorar o acesso às informações. A reformulação na transparência anunciada, emcoletiva de imprensa, ainda está muito aquém das exigências da Controladoria-Geral da União. Várias planilhas estão em branco e os números estão desatualizados. Infelizmente, análise mais ampla para tentar obter todas as informações que deveriam estar disponíveis, demonstra que muitos dos portais não passam de engodo. Há dificuldade, principalmente, para obter acesso rápido a dados.
Também neste ano, o Governo de Mato Grosso do Sul foi o que mais avançou no ranking da transparência no comparativo com outros estados. Entretanto, os dados ainda demoram a ser atualizados e, em alguns casos, não condizem com os demonstrativos financeiros publicados posteriormente em Diário Oficial. O “tempo real” ainda não passa de lenda. Somente em abril deste ano, por exemplo, o Governo conseguiu fechar o balanço consolidado de receitas e despesas. O número anteriormente divulgado precisou ser corrigido.
Nesta época de comunicação em tempo real, e de acesso amplo e interativo das pessoas às mais avançadas tecnologias, é impensável que o poder público tente “esconder” informações dos cidadãos. Todos, com exceção dos que fazem falcatruas, tem a ganhar com mais transparência nas contas públicas. A prefeitura da Capital, infelizmente, ainda não segue esta tendência.
Além de tentar mostrar, nos últimos meses, uma transparência que não existiu durante todo o mandato, a gestão de Alcides Bernal também anuncia obras no afogadilho. Desde abril último, já em período pré-eleitoral, o prefeito anunciou retomadas de obras paralisadas em 2012. Ficou só na propaganda. Reportagens publicadas recentemente demonstram que em muitas destas construções, a única novidade foi a instalação de placa que informava a retomada dos trabalhos.
Bernal também tentou demonstrar preocupação em solucionar o quase interminável problema de excesso de buracos em Campo Grande. Chegou a lançar licitação, porém, devido a pressão, ainda não conseguiu concluir o processo de escolha das empreiteiras que atuarão em projeto de recapeamento de várias vias de Campo Grande.
Em tempos de incompetência latente, e da falta de interesse em ser transparente com os cidadãos, é necessário que no processo eleitoral que se aproxima, o eleitor pense em um bom futuro para a cidade, que necessariamente contenha contas claras e limpas, e gestão eficiente, que permita o planejamento e execução de projetos.