Prejuízo na Petrobras pode chegar a 20 bilhões de dólares (cerca de 52 bilhões de reais)

O conselho de administração da Petrobras — presidido ainda pelo ex-Ministro da Fazenda, Guido Mantega — vai apreciar amanhã o balanço do terceiro trimestre da estatal, ainda sem a chancela dos auditores da empresa.

Pessoas próximas à Petrobras esperam que a empresa reconheça uma baixa contábil que pode chegar a 20 bilhões de dólares (cerca de 52 bilhões de reais), ou o equivalente a 42% do valor de mercado atual da empresa.

A baixa contábil, conhecida também como impairment ouwriteoff, é um reconhecimento por parte de uma empresa da desvalorização dos ativos que ela carrega em seu balanço, seja por superfaturamento em contratos, estouros legítimos em seus orçamentos de obras, ou outros fatores.

Os investidores estão ansiosos para ver se a empresa publicará, também, uma nota explicativa discriminando quanto do writeoffse originou de propinas, bem como um compromisso da empresa de que vai tentar recuperar o valor na Justiça. É possível também que o writeoff seja influenciado por uma nova projeção de longo prazo para o preço do petróleo.  Esta estimativa é discricionária, e não sabe se a Petrobras vai inclui-la no writeoff, e, se o fizer, se dará transparência às estimativas.

A Petrobras contratou a Deloitte para ajudá-la a decidir o tamanho e os parâmetros do writeoff. O auditor da Petrobras, que terá que concordar com tudo antes de dar um parecer sem ressalvas, é a PWC. Um parecer com ressalvas neste momento seria muito ruim para a Petrobras, e poderia levá-la a ter que alterar seu balanço de novo. Portanto, as perdas apresentadas agora deveriam ser suficientes para satisfazer o auditor.

Com o País inteiro olhando o balanço com lupa, seria interessante que a Petrobras mudasse sua rotina e publicasse os votos individuais dos conselheiros sobre o assunto. (Neste caso, o mercado vai prestar atenção nos votos dos conselheiros independentes, José Monforte e Mauro Cunha.)  “Depois que tudo que já aconteceu, qualquer conselheiro vai ter muito medo de aprovar algo que ele não tenha convicção de que está redondinho,” diz um analista.Por Geraldo Samor

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