A vida da professora de Educação Física Rosalva Plínio de 40 anos, andava tranquila, até uma demissão inesperada tirar o sono da educadora. Vinte dias depois, ninguém explicou os motivos da saída repentina, mas Rosalva já denuncia o motivo: uma simples pergunta feita ao prefeito de Campo Grande, Alcides Bernal (PP).
Rosalva trabalhava em duas escolas, é professora há seis anos e explica que, no dia 30 do mês passado, estava em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Mário Covas, onde acontecia o Dia D da Campanha Nacional de Vacinação contra a Influenza (Influenza A (H1N1) e B). Ali a professora acredita ter ocorrido todo o problema.
A educadora explica que, naquele dia, não conseguiu ser vacinada e diz que, por coincidência, Bernal estava na unidade. Como não conseguiu a vacinação, a professora questionou o prefeito sobre motivo do qual os professores não entraram no grupo de risco, já que lidam com várias pessoas.
“Perguntei para ele o motivo, lidamos com nossos alunos diariamente e precisamos ser vacinados para que algo pior não venha acontecer. Até os presidiários já estavam vacinados pelo risco de alguma contaminação, acreditava que os professores também teriam prioridade”, explicou.
Quando a pergunta foi feita por Rosalina, Bernal não teria gostado de ser questionado, segundo a educadora, que ainda diz se lembrar que o prefeito foi irônico.
“Relatei a respeito dos presidiários, ele disse que ali não havia nenhum preso e pelo que vi, não gostou, acreditando que eu talvez estaria o enfrentando, mas não era nada disso, inclusive, a prefeitura chegou até a publicar no Diogrande que os educadores teriam prioridades”.
Conforme a Lei 5.225, o prefeito Alcides Bernal instituiu o Programa de Vacinação em Professores, Profissionais de apoio e voluntários que lidam com crianças e adolescentes em Instituições de Ensino visando estabelecer diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos profissionais.
Após o fato no dia 30 de abril, 'misteriosamente' a professora teria sido demitida no dia 4 deste mês, ou seja, Rosalina foi mandada embora do emprego na mesma semana.
A educadora diz, alegando tristeza, que trabalhava na Escola Municipal Plínio Barbosa há seis anos e na Eulalia Neto há quatro, durante todo esse tempo não houve nenhuma reclamação de sua conduta como educadora.
“Sempre trabalhei, nunca tive advertências e me mandaram embora dos meus empregos sem motivo algum, até meus trabalhos que eu substituía não consegui mais”.
Rosalina diz que estava em sua casa, quando recebeu uma mensagem da diretora de uma das escolas onde dava aulas, o recado pediu urgência para um encontro, na unidade de ensino.
“Recebi a mensagem e fui, quando cheguei na escola, a diretora disse que havia recebido uma ligação da Semed (Secretaria Municipal de Educação), onde no telefonem mandavam revogar o meu contrato, na outra escola foi da mesma forma” lamentou.
Em busca de respostas
Sem saber os motivos de ter sido mandada embora no mesmo dia das duas escolas onde dava aulas, a professora resolveu perguntar as causas do episódio para as diretoras. “Quando quis saber o motivo,ambas relataram que também haviam feito a mesma pergunta a funcionária da Semed, mas a pessoa que estava na ligação, identificada apenas como Elimar, disse que 'Rosalina saberia a razão'”.
Indignada, sem saber o motivo de sua vida ter mudado tanto em tão pouco tempo, a professora resolveu ir pessoalmente até a Semed, onde novamente saiu sem respostas. “Me deram um ‘chá de cadeira’ fiquei uma tarde toda esperando alguém me responder e nada, falei com a Elimar, a qual teria ligado nas escolas e também não me disse nada concreto, ela apenas justificou que os motivos seria 'outros' que motivo seria esse?", diz revoltada.
Sem um retorno, Rosalina já procurou o setor jurídico da secretaria onde protocolou um documento desde o dia dez deste mês, o que não responderam até esta quarta-feira. A professora também já tentou falar com o próprio prefeito, mas não foi atendida, conversou apenas com um assessor de Paulo Pedra (PDT), ex- secretário de governo e braço direito de Bernal, mas novamente voltou para casa sem uma explicação concreta dos motivos de seus contratos serem anulados da 'noite para o dia'.
"Meu nome ainda não está desativado do sistema da prefeitura, desta forma eles me prendem, não consigo arrumar emprego em outra escola e ainda não sei qual a razão da minha demissão. É muita coincidência, pois no dia que fiz a pergunta ao prefeito, ele estava com um homem que me conhecia e por acaso fui mandada embora dias depois", finaliza a professora.
Prefeitura
A equipe de reportagem entrou em contato com a Prefeitura Municipal de Campo Grande tentando buscar informações sobre qual seria o motivo das demissões de Rosalina, mas o município apenas respondeu que não se envolve em casos pessoais de demissão como o da servidora.