“Passado construtivo” – as famílias de Campo Grande

Candidatos insistem na estratégia equivocada de tentar transformar a campanha eleitoral em palanque de intrigas. O escasso tempo na TV e no rádio não deve ser desperdiçado para denegrir a imagem dos adversários. É preciso focar nas propostas de governo, o que realmente interessa à população. 

A campanha de Rose Modesto (PSDB) vem utilizando referências, sob forma de insinuações, à família Trad, falando de volta ao passado, do tempo em que só uma família mandava em tudo, tentando dar conotação negativa ao que denominam de tradicional na política. Infere-se uma crítica ao adversário Marquinhos Trad (PSD) simplesmente por ser irmão de Nelsinho Trad (PTB), que foi prefeito de Campo Grande durante oito anos, como se isso significasse retrocesso ou até mesmo um monopólio na política.    

As propagandas apresentam ainda aos eleitores o caminho de manter tudo como está e falam da decepção com o atual prefeito Alcides Bernal, que apresentou discursos vazios. Na terceira via, aparece Rose Modesto como a “mudança de verdade”, com críticas ao que denomina de “velha política, em que sempre os mesmos mandam”.  O objetivo é convencer o eleitor de que Rose é a melhor opção. Sem dúvida, essa deve ser a meta a ser alcançada por seus marqueteiros. Entretanto, é preciso ter cautela para que as insinuações aos adversários não extrapolem limites. As críticas às gestões anteriores são comuns para tentar reafirmar as propostas de solucionar problemas. Mas jamais se pode atacar o passado e as contribuições deixadas por famílias que ajudaram a construir a história de Campo Grande. 

Os Trad chegaram à Capital perto de 1920. Cônsul Assaf Trad veio com outros imigrantes libaneses e constituiu sua família na cidade, assim como muitos outros que escolheram Campo Grande para morar. Desde então, foram muitas contribuições na área política, com deputados federais, estaduais, vereadores e, inclusive, na Prefeitura de Campo Grande, além de várias pessoas da família que atuam como profissionais em outras áreas: médicos, advogados, engenheiros, etc. Por isso, as insinuações ao passado no contexto em que estão sendo aplicadas na campanha política atual devem ter viés positivo. Muito do que existe hoje deve-se às contribuições das famílias que, há anos, iniciaram luta pelo desenvolvimento da Capital, que completou 117 anos neste mês.  

A história não pode ser depreciada, por mais que alguns atos administrativos mereçam críticas e até mesmo completa revisão. Essa propaganda de mudança deve ser feita com base em propostas novas, referindo-se especificamente aos pontos que precisam ser alterados – seja em relação a projetos, obras, áreas prioritárias ou contratos equivocados. Num passado ainda mais recente, há cerca de dois anos, Azambuja contou com apoio de Nelsinho Trad na disputa pelo segundo turno ao governo do Estado, do qual saiu vitorioso. O ex-deputado federal Fábio Trad, inclusive, relembra esse episódio em vídeo postado no Facebook, em que fala de decepção com a campanha da candidata Rose, por conta de ofensas à família. Esse resgate histórico feito pelo PSDB não permite omissões de fatos.  

A campanha está apenas no começo e não pode caminhar para nível de esculhambação. Afinal, já está comprovado que a agressão destrói e não constrói nada na eleição. Ao eleitor, caberá a meta de saber separar as informações obtidas e fazer sua escolha com base nas propostas, no preparo e nas contribuições do candidato. 

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