"Nenhum um sinal de trabalhadores ou de material de construção, pior, outro dia até roubaram o que tinha aí dentro, sucatearam a estrutura externa e o que tinha dentro levaram também. Janelas, azulejos, mangueiras, fios de energia, levaram tudo”. O relato é de Jurian Matias, 51, que mora em frente do posto de saúde da vila Cox, na Santa Luzia -região norte de Campo Grande. A UBSF (Unidade Básica de Saúde Familiar) da vila é uma das 44 obras abandonadas e que foram anunciadas em maio pelo prefeito Alcides Bernal (PP), que seriam retomadas. Três meses após o anúncio, o cenário continua o mesmo, de abandono.
Na ocasião o prefeito anunciou que no setor da Saúde, ao todo, oito obras seriam retomadas: a UBS (Unidade Básica de Saúde) dos bairros Sírio Libanês, Zé Pereira, Ana Maria do Couto, Oliveira 2, Jardim Paradiso, Jardim Azaléia, vila Cox e Cristo Redentor. O investimento seria de R$ 45 milhões do governo federal e R$ 11 milhões do tesouro municipal. Três meses após anunciar que as obras teriam sequência, a prefeitura informou que, as UBSs do Sírio Libanês, Jardim Azaléia e vila Cox ficarão prontas em três meses, e que a unidade de atendimento do bairro Cristo Redentor ainda estava em fase de levantamento de informações.
No Jardim Azaléia, a construção encontra-se toda fechada e não há movimentação de trabalhadores na obra, entretanto, aparentemente não falta muito tempo para que o atendimento seja iniciado, e o posto que está fechado, tem cerca elétrica e até ponto de ônibus em frente. “Isso tem inibido a ação de bandidos”, comenta o vigia noturno que mora ao lado da unidade há quatro anos.
Helena Viana, 44, diz que quando soube da notícia pela mídia teve esperança de poder ser atendida a menos de 200 metros de sua casa. “Fiquei muito feliz, mas depois não vi mais nada, está parada, não tem ninguém. O jeito é esperar, tenho fé que logo ele fica pronto”, comenta, sobre o posto de saúde do Jardim Azaléia. Ao contrário do que a prefeitura informou, as obras da UBSF do bairro Cristo Redentor estão acontecendo.
Materiais de construção, como tijolos, areia e brita dividem espaço com os trabalhadores. Há betoneiras espalhadas por todo o terreno do empreendimento. Segundo o mestre de obras, a previsão de entrega é até o fim do ano.
No Sírio Libanês, no cruzamento da travessa Café Suave com a avenida Tamer Geleláite, apenas uma estrutura cercada, nem ao menos uma placa informativa. Para os moradores a obra é só mais uma que vai ficar no papel. “Estamos em ano de eleição, daqui a pouco o que está parado vai é morrer, isso sim. Não acredito que vai vingar isso aí não”, diz Leopoldo Amâncio, 58. “Não ficou pronta até agora, acredita mesmo que vai ficar?”, questiona a moradora Maria Rita Vasconcelos da Silva, 42.
A equipe de reportagem procurou a prefeitura para saber sobre o andamento das obras e se as ações dos vândalos atrapalham a programação de entrega, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.