O cinismo da turma do petrolão…

Pelo que se pode deduzir da ampla cobertura jornalística do petrolão – considerado, já, o maior escândalo de corrupção da história da humanidade – o juiz Sergio Moro não é de dar ponto sem nó, ou seja, de deixar brechas para possíveis chicanas jurídicas. Da mesma forma o Procurador-geral da República, Rodrigo Janot, razão pela qual não arrolou a presidente Dilma Rousseff entre os acusados da Lava Jato. Daí o asco à reação de todos os que aparecem nesta que é apenas a primeira lista, já que as investigações só agora é que vão começar. Todos, do mais ilustre deles, o presidente do Congresso, Renan Calheiros, ao mais pé-rapado, o representante sul-mato-grossense do baixo clero Vander Loubet. Todos, de um cinismo descomunal, seguindo a linha do chefe da quadrilha, Lula da Silva, hors concours em caradurismo, com seu sempre socrático só sei que nada sei.

Fiquemos com o (mau) exemplo dos “ilustres” representantes do Mato Grosso do Sul nas bandalheiras republicanas. Delcídio do Amaral, sem corar, teve a capacidade de escrever no Facebook que “acabaram-se as mentiras, as injustiças, as hipocrisias”, acrescentando que “o bem sempre vence o mal”, para finalizar com uma informação das mais preciosas: “Eu voltei”. Se o nobre senador se inspirou em Roberto Carlos, não custa retrucar: será que descobriu, finalmente, que aqui é seu lugar e voltou para ficar? Aliás, alguém sabia que ele havia se escafedido? Será que foi uma sumidinha básica e temporária para não pagar as contas de campanha ou com medo da língua de Nestor Cerveró? A propósito de Nestor Cerveró, o diretor da área internacional da Petrobras indicado por Delcídio e que está enjaulado em Curitiba ainda não fez sua delação premiada E é aí que mora o perigo para Delcídio do Amaral. Como também não abriu o bico ainda seu colega presidiário Renato Duque, o também diretor da estatal da cota do PMDB. Pelas previsões, quando eles falarem, cai não apenas Delcídio, mas a República petista. Além do mais, agora, começando, efetivamente, o processo, como diz o juiz Sérgio Moro é follow the money, ou seja, só seguir o dinheiro roubado para pegar toda a cambada com a mão na botija.

O cinismo de Delcídio do Amaral é tão grande que ele fala em fim das “mentiras, injustiças e hipocrisias” como se a Lava Jato, da qual foi salvo pelo gongo, fosse a única das muitas bandalheiras em que está metido. Esquece-se, por exemplo, a controvertida história das turbinas para a Termelétrica de Piratininga, em São Paulo, cuja compra junto a empresa suíça Alstom foi feita contrariando parecer da área jurídica da Petrobrás, quando ele era diretor de Energia e Gás.                                                                                                                                                                                                                  Fala que “o bem sempre vence o mal” antecipando-se ao veredito do ministro Luiz Roberto Barroso, do mesmo STF, que aceitou a denúncia da Procuradoria Geral da República por seu envolvimento com a quadrilha da Uragano, em Dourados, depois da contundente acusação quanto ao seu percentual de retorno feita pelo engenheiro Jorge Hamilton Torraca, então secretário de obras da administração do companheiro petista Laerte Tetila. Menos mal que Vander Loubet, em que pese a “extrema surpresa” por ver seu nome na lista da Lava Jato, deixou escapar, candidamente, que desconhece “em quais circunstâncias” seu nome foi envolvido. Devem ser tantas, né.

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