Adriele Souza, 24 anos está revoltada. “Me falaram também que como só mora eu aqui, porque sou separada e meus filhos estão com ele [ex-marido], eu terei de sair. Estamos sendo tratados como animais aqui. Nossos nomes já foram excluídos da lista. Não deixaram a gente assinar o contrato de uso do terreno, não temos direito a cesta básica”, contou.
Enquanto as três primeiras pessoas foram notificadas, outros moradores do Bom Retiro, que também moram sozinhos, estão com medo do despejo. “Não fui notificada ainda, mas já passaram [funcionários da prefeitura] na minha casa e disseram que provavelmente serei removida. Queriam me colocar apertada no terreno com meu filho, mas ele tem a família dele. Não dá!”, comentou a doméstica Francisca Bolgado, 53.
Os funcionários da Emha fazem “terrorismo” com as solteiras e com os solteiros da comunidade. “Eu perguntei para onde iria levar minhas coisas se me expulsassem daqui, pois não tenho para onde ir. E eles só balançam os ombros e dizem que o problema é meu”, disse indignado Elias Batista. (LA)
De acordo com o diretor- -presidente Dirceu Peters, a Agência Municipal de Habitação a está apenas seguindo o protocolo do programa federal “Minha Casa, Minha Vida”. “Eles não se enquadram nos critérios do programa e terão de desocupar o terreno. Estamos tentando, mas ainda sem certeza de se concretizar, colocar dois solteiros dividindo um terreno de moldes um pouco maiores, nessas áreas mesmo”, explicou.
Já sobre algumas pessoas terem sido transferidas e estarem com a “casa” pronta no novo terreno, Peters isenta a Emha de erro. “Muitas pessoas mentiram na hora do cadastro, falando que eram casadas, e só descobrimos quando chegaram lá e foram assinar o contrato. Não há um levantamento oficial de quantos solteiros estão na Cidade de Deus ou já foram transferidos e terão que sair dos terrenos. Só saberemos disso no fim da transferência”, completou.
Ainda segundo Peters, caso o plano da Emha não dê certo, de alocar dois solteiros em um terreno, eles terão que buscar outra alternativa de moradia. “Eles terão de sair e voltar para a fila de espera por uma casa no cadastro da Emha”, concluiu. (LA)