Moradores do Bom Retiro, protestam contra valor de conta de luz

Os moradores do loteamento Bom Retiro – na região norte de Campo Grande – se reuniram ontem (8) para protestar contra as irregularidades e a falta de infraestrutura do local onde moram. Além da ausência de rede coletora de esgoto, os moradores reclamam dos valores “gritantes” das contas de energia elétrica cobradas pela Energisa, concessionária responsável pela energia elétrica de Mato Grosso do Sul. “Como um barraco que mal tem um bico de luz e uma geladeira pode consumir R$ 250 de energia?”, questiona a cabeleireira Cristina Maria de Souza Alvarenga, 30.
 
A conta de luz do senhor Mario Justiniano Padilha, 49, que mora na rua Pedro José dos Santos, chegou no valor de R$ 92,99, referente a 31 dias faturados e com consumo de 118 kw/h. A taxa de iluminação cobrada na fatura é de 16,60, já a conta de luz de Rosângela de Jesus, 37, que mora uma rua acima da de Mario, veio no valor de R$ 249,81, referente a 21 dias faturados, com consumo médio de 327kw/h.
 
A taxa de iluminação pública teve custo de R$ 29,52. Morador reclama e se diz revoltado com ‘valores absurdos’ das contas A disparidade dos valores das faturas revoltou os moradores. “Como uma conta vem R$ 250 e a outra R$ 90 sendo que todos nós moramos em barracos, não temos eletrodomésticos caros, mal temos dois bicos de luz. É revoltante cobrarem esses valores absurdos de quem mal tem o que comer.
 
E a taxa de iluminação pública? A gente mora na mesma rua, mesmo bairro, por que a taxa é diferente? Por acaso estou usando mais a luz da rua do que o meu vizinho?’’, questiona Valéria Pereira, 20. “Esqueceram a gente aqui. Somos uma classe que necessita da ajuda do poder público e quando a gente reclama da situação, eles dizem que ‘estamos querendo demais’, é querer muito ter uma moradia digna?”, indaga Adauto Ferreira de Almeida, 79.
 
O aposentado conta que não tem dormido direito, pois não sabe como vai efetuar o pagamento da conta que veio no valor de R$ 116,85, referente a 23 dias faturados, já que necessita fazer malabares com a aposentadoria para comprar medicamentos e alimentos para sua “casa”. “Além de estarmos vivendo à margem da sociedade, eles nos ameaçam constantemente dizendo que se a gente reclamar vai ter retaliação, mas a gente não se cala, não, como vamos ficar quietos diante dessa situação?”, diz Cristina.
 
As famílias, aproximadamente 130, foram transferidas da antiga Cidade de Deus para o loteamento Bom Retiro no começo deste ano, e desde então vivem em barracos improvisados à espera da casa própria. Indignada, a cabeleireira ironiza quando questionada sobre o que pode ter gasto tanta energia. “ Só pode ser o ar condicionado”, ironiza apontando para o barraco de uma peça coberto por lona e papelão.
 

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