Ministério Público pede investigação sobre ofensas racistas a Maju do “JN”

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) vai investigar oscomentários racistas direcionados à jornalista Maria Júlia Coutinho na página do "Jornal Nacional" no Facebook, informou o órgão nesta sexta-feira (3).

Em entrevista, o promotor Marcio Mothé, do MPRJ, disse estar surpreso com a quantidade de ataques racistas que a jornalista sofreu e pediu que as pessoas denunciem casos como esses pela ouvidoria ou pelo telefone 127.

"Cada vez entendo menos do ser humano, é uma aberração. O Ministério Público vai agir com todo rigor possível para que essas pessoas sejam punidas de forma exemplar. Existe uma Delegacia de Repressão a Crimes de Informática e estamos encaminhando um pedido para apurar o caso com todo rigor. Essas pessoas têm que ser punidas. É um absurdo que esse tipo de atrocidade aconteça em pleno século XXI", disse Mothé.

O Ministério Público do Estado de São Paulo também instaurou Procedimento Investigatório Criminal para apurar prática de racismo e injúria qualificada contra a apresentadora da TV Globo.

"Já tivemos alguns casos semelhantes e fomos bem-sucedidos. É uma investigação. Vai depender muito do acesso que tivermos às informações e colaboração de pessoas que possam contribuir conhecendo quem praticou os crimes", afirmou o Promotor de Justiça Criminal Christiano Jorge Santos ao UOL. Ele é especialista no tema e já presidiu inúmeras investigações que levaram à condenação criminal de internautas racistas e neonazistas.

Racismo é crime

A pessoa acusada por injúria racial pode ser autuada pelo Art. 140 do Código Penal, com pena de reclusão de um a três anos e multa. "Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência. Pena – reclusão de um a três anos e multa", diz um trecho do Código Penal.

#SomosTodosMaju

Uma foto de Maria Júlia com um link sobre a previsão do tempo, postada no Facebook oficial do "Jornal Nacional" na última quinta recebeu dezenas de mensagens de conteúdo racista.

Nesta sexta, William Bonner, âncora do telejornal, escreveu e compartilhou mensagens carinhosas sobre a apresentadora. Em seguida, o "JN" divulgou em sua página no Facebook um vídeo em que toda a equipe do jornalístico manda uma mensagem de apoio para Maria Júlia. "Somos todos Maju", disseram os colegas.

A hashtag #somostodosmajucoutinho chegou aos Trending Topics, os assuntos mais comentados do Twitter, durante a tarde desta sexta, com várias mensagens de apoio dos internautas.

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Globo classificou os ataques como "lamentável episódio" e informou que excluiu as mensagens racistas do Facebook do "Jornal Nacional". A emissora também afirmou que "estuda as medidas judiciais cabíveis" para o caso.

O "JN" desta sexta-feira noticiou o episódio e deu espaço para Maria Júlia responder às declarações. "Estava todo mundo preocupado. Muita gente imaginou que eu estaria chorando pelos corredores. Mas a verdade é o seguinte, gente. Eu já lido com a questão do preconceito desde que eu me entendo por gente. Claro que eu fico muito indignada, triste com isso, mas eu não esmoreço, não perco o ânimo", disse a jornalista.

Formada pela Cásper Líbero e com rápida passagem pela TV Cultura, Maria Júlia iniciou a sua carreira no Jornalismo da Globo como repórter de telejornais locais, em São Paulo. Se tornou pouco tempo depois a moça do tempo no "SPTV", "Bom Dia São Paulo", "Bom Dia Brasil" e também no "Hora 1". Ela ficou conhecida na redação paulista com esse apelido, "Maju" (para os íntimos). É considerada uma das repórteres mais simpáticas da emissora, e ganhou legião de fãs nas redes sociais depois que passou a interagir diariamente com William Bonner no "Jornal Nacional".

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