O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT) comunicou à Justiça Federal que fechou a sua empresa de consultoria, suspeita de ser usada pelo mensaleiro para receber pagamentos de propina de empreiteiras em troca de lobby por contratos na Petrobras. Na última sexta-feira, a defesa de Dirceu enviou ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba (PR), documento no qual informa que a JD Assessoria e Consultoria Ltda está "inoperante".
A firma de Dirceu faturou 39,1 milhões de reais entre 2006 e 2013, dos quais 29,3 milhões de reais de clientes no Brasil, conforme declarado à Receita Federal. Segundo o advogado Roberto Podval, a JD Assessoria e Consultoria só não foi "formalmente encerrada por questões meramente tributárias (débitos tributários em parcelamento)". "A empresa peticionária já cessou todas as suas atividades e não tem nenhum pagamento a receber", disse ao juiz.
O advogado informou também que Dirceu demitiu quase todos os funcionários nos últimos anos – eram quinze em 2013 e oito em 2014, segundo dados enviados ao Ministério do Trabalho e Emprego. Resta apenas uma funcionária, segundo a defesa, que está em período de estabilidade trabalhista.
Comprada por Dirceu por 1,6 milhão de reais, a sede da JD Assessoria e Consultoria está disponível para locação ou venda, transação pela qual ele cobra 5,5 milhões de reais. "A única movimentação existente é o comparecimento eventual de um encarregado para recolher correspondência ou apresentar o imóvel para eventuais interessados.
Estão sendo providenciados os desligamentos de todas as linhas telefônicas comerciais", informou o advogado. Preocupado com a possibilidade de o petista ser preso ou levado coercitivamente para depor à Polícia Federal, Podval disse novamente que o ex-ministro tem interesse em se apresentar voluntariamente aos investigadores da Operação Lava Jato. (Felipe Frazão, de São Paulo)