Há exatamente um ano, era deflagrada a operação que descobriu um esquema de desvio bilionário na maior empresa brasileira: a Petrobras.
No dia 17 de março de 2014, a PF (Polícia Federal) realizou as primeiras prisões daOperação Lava Jato em seis Estados e no Distrito Federal.
Com o início em um posto de gasolina da capital, onde existia uma casa de câmbio, as investigações revelaram um esquema de corrupção na Petrobras envolvendo executivos, políticos e as maiores empreiteiras do País.
Em um ano, o MPF (Ministério Público Federal) detectou que os desvios somam R$ 2,1 bilhões, valor que pode ser muito maior com o desenrolar da operação — ontem, o próprio MPF estimou em R$ 4 bilhões o rombo causado pela corrupção na petroleira.
Nesse período, a polícia conseguiu recuperar R$ 500 milhões e bloquear outros R$ 200 milhões em bens dos réus. Foram cumpridos 213 mandados de buscas e apreensões, 55 mandados de condução coercitiva e 69 mandados de prisão.
Entre os indiciados da Lava Jato está o principal alvo da operação: o doleiro Alberto Youssef, que já havia sido preso e condenado no caso Banestado — um escândalo de remessas ilegais de dinheiro para o exterior nos anos 1990. As investigações apontaram a evasão de US$ 30 bilhões para contas internacionais.
Três dias depois de a operação ter sido deflagrada, outro protagonista do caso também foi detido. O ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, foi preso em sua casa, no Rio de Janeiro, onde foram encontrados, em espécie, US$ 180 mil e cerca de R$ 720 mil. As investigações mostraram relações próximas entre Costa e Youssef. Segundo a PF, Youssef chegou a dar um carro de luxo a Costa.
Na época, os deputados André Vargas (sem partido-PR) e Luiz Argôlo (SSD-BA) também foram apontados como próximos de Youssef, de acordo com as investigações da PF. Após ter sido divulgado que Vargas, então vice-presidente da Câmara dos Deputados, teria usado um jatinho emprestado pelo doleiro para viajar com a família durante as férias, o petista se licenciou do mandato.
Em outubro, o Conselho de Ética cassou o mandato de Argôlo por indícios de que o deputado teria recebido favores do doleiro. No início de dezembro, por 359 votos a 1 o plenário da Câmara dos Deputados decidiu cassar o mandato de Vargas.
Pouco antes, em setembro, Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef decidiram assinar acordos de delação premiada com o Ministério Público para colaborar com as investigações em troca da redução de penas.
Nos depoimentos feitos ao juiz federal do Paraná, Sérgio Moro, Costa e Youssef revelaram que havia um esquema de pagamento de propina em obras da Petrobras. De acordo com eles, as empreiteiras interessadas em realizar contratos com e estatal tinham que repassar parte do valor para partidos. Foram citados o PT, o PMDB e o PP.
O conteúdo das informações resultaram em 21 pedidos de abertura de inquéritos. Os pedidos de investigações contra 47 políticos foram encaminhados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao STF (Supremo Tribunal Federal) e atendidos pelo relator do caso, ministro Teori Zavascki.
O Supremo é o órgão responsável por julgar pessoas com foro privilegiado, como deputados e ministros de Estado. Zavascki também autorizou o arquivamento contra sete pessoas. O STJ (Superior Tribunal de Justiça) também recebeu pedidos de abertura de inquéritos. No entanto, o órgão analisará os processos que envolvem governadores.
Nesta segunda-feira (16) a PF (Polícia Federal) iniciou a décima fase da operação Lava Jato, batizada de "Que País é esse?". O ex-diretor de serviços da estatal Renato Duque foi preso novamente pelos policiais.