Hora do Planeta deve mobilizar um bilhão de pessoas neste sábado

O evento, promovido pela organização não-governamental WWF (World Wide Fund for Nature, ou Fundo Mundial para a Natureza), chega a sua sétima edição na noite de hoje. A ideia é que, durante uma hora, entre 20h30min e 21h30min, a gente fique no escuro, e sem usar equipamentos elétricos, em nome da preservação ambiental.

Apagar a luz entre o Jornal Nacional e a "novela da oito" é apenas uma metáfora para repensar nosso cuidado com o planeta. A atitude poderia ser substituída por plantar uma árvore, engajar-se na redução do lixo, trocar alimentos industrializados por orgânicos, ou zelar pela proteção da Amazônia. Mas se você conversar sobre isso com seu filho, seus pais, seus amigos, seus colegas de trabalho, já estará ajudando.

A adesão ao movimento internacional, compartilhado por estrelas como o ator de Holywood Mark Ruffalo e a atriz global Paolla Oliveira, representa um grito coletivo pela mudança nos padrões de consumo. A questão ambiental tornou-se uma pauta central. Envolve da conta da luz à forma como pais buscam os filhos na escola. Passa pela sua mesa e dorme na sua lata de lixo. Ser sustentável não é mais "coisa de ambientalista", mas de quem está atento à sobrevivência.

Efeito da escuridão

Este ano, 150 cidades brasileiras participam da Hora do Planeta. Em 2014, o Brasil teve 144 municípios diminuindo a iluminação de 627 monumentos, como o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e o Monumento ao Expedicionário, em Porto Alegre. Mas será que essa escuridão toda tem efeito?

A WWF não conseguiu até hoje estimar o quanto essas ações ajudam a reduzir a temperatura da Terra. Segundo o "ambientalista cético" Bjorn Lomborg, que escreveu livro de mesmo nome, não chega a provocar cócegas no superaquecimento da Terra — o impacto quase irrisório inibe o cálculo da economia.

Realizadores da campanha não veem na ausência de estatísticas um obstáculo para a mobilização. Coordenador do Programa de Mudanças Climáticas e Energia da WWF, André Costa Nahur diz que a grande adesão é um sinal de que o recado foi entendido:

— Temos que internalizar o fato de que a energia é um recurso natural que está sendo consumido. Se não tivemos a consciência de uma vida mais sustentável, nosso destino como sociedade é sermos reféns de catástrofes e crises ambientais, como a recente seca na cidade de São Paulo — afirma o ambientalista.

O engenheiro Odilon Duarte, coordenador do grupo de eficiência energética da PUCRS, complementa:

— Utilizar os recursos naturais de uma forma consciente na produção de tecnologias, desenvolvimentos de processos industriais e em planejamento de infraestruturas é uma forma econômica, eficaz e rápida para amenizar o impacto das mudanças climáticas.

O QUE FAZER DURANTE A HORA DO PLANETA?

Deixe o celular, o carro e o computador de lado. Acenda velas e jogue conversa fora com alguém até perder-se no tempo. Se tiver talento, ou amigos talentosos, forme uma roda de violão. Ou use a escuridão da rua para apreciar melhor o brilho das estrelas e encontrar constelações, astros, planetas.

— Se todas luminárias fossem desligadas poderíamos ver a Via-Láctea (sem nuvens, obviamente) — afirma Claudio Miguel Bevilacqua, diretor do Observatório Astronômico da UFRGS.

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