O Marquinhos é um rapaz que aos 19 anos se viu diante de uma doença grave e acabou recebendo ajuda de onde menos esperava.
Marquinhos tem uma luta inspiradora. “Desde criança ele sempre foi um menino bom, carinhoso, sempre soube o que ele queria”, diz Eliete Ferreira, mãe de Marquinhos.
Marquinhos entrou na vida de Eliete e Marcão há 25 anos. “Nós estávamos com cinco anos de casados, eu já tinha engravidado algumas vezes, e perdia”, ela conta.
“E aí a gente decidiu não tentar mais, vamos deixar assim e vamos adotar uma criança. Se aparecer, vamos adotar”, lembra Marcos Ferreira, o pai.
“Quando uma amiga me falou que tinha uma pessoa que estava grávida e gostaria de fazer a doação do filho porque ela não podia criá-lo, eu cheguei e falei para ela: ‘é meu’”, conta Eliete.
Marquinhos descobriu que era adotado quando tinha 11 anos. “Aí ele olhou para nós e disse: ‘vocês são meus pais, não vai mudar nada não, né?’”, lembra Eliete Ferreira.
“Eu lembro de ter ficado bem emocionado junto com eles de chorar e tudo mais, mas foi algo que passou”, diz Marquinhos Ferreira, personal trainer.
Foi aos 19 anos, quando ele fazia faculdade de educação física, que veio o baque. “Ele sentiu uma gripe muito forte por alguns meses, ele sentia muita fraqueza e sentia dores no corpo. Fizemos todos os exames novamente e daí nesse exame constatou que ele estava com leucemia”, conta Eliete Ferreira.
“Está diante do fim”, disse Marcos Ferreira, à época.
“Ela é fatal porque, avançando a leucemia, ela impede a formação de células normais de defesa, impede a produção de plaquetas sujeitando ao sangramento e impede a produção de glóbulos vermelhos causando anemia”, explica o médico hematologista Euripedes Ferreira.
Marquinhos fez dois anos de quimioterapia e teve alta. Cinco anos depois, em 2014, os exames mostraram que ele ainda tinha câncer. Agora, a única chance era um transplante de medula.
“Ele recebeu o negócio, sentou em uma cadeira: ‘pai voltou’. Chorando”, lembra o pai.
“Aí você começa a pensar: ‘opa, agora o buraco é mais embaixo’, conta Marquinhos.
Era preciso encontrar um doador compatível nos bancos de medula ou ir em busca dos pais biológicos. “Aí eu já coloquei na mesa: ‘doutor, nós temos que pensar com carinho porque eu sou adotado e eu não tenho contato’. Ele falou: ‘você não tem contato nenhum com sua família?’ Falei: ‘Não tenho contato, doutor’. E ele falou: ‘então é bom você correr atrás desse contato’”, diz Marquinhos.
Os pais adotivos foram ao cartório que registrou a adoção e descobriram em um documento da época o endereço da mãe biológica.
“Perguntamos na vizinhança, ninguém conhecia, daí eu falei para o meu marido: ‘vamos bater nessa casa, que de repente as pessoas conhecem ela’. E ela nos atendeu”, relata Elliete.
Mas Maria José, a mãe biológica de Marquinhos, teve receio de confirmar que era ela. “Quando a Eliete e o Marcão foram me procurar, fiquei com receio. ‘Puxa vida, a mulher que criou o meu filho, como vai ser?’. Eu estava com medo. Aí ele me procurou”, conta Maria José, mãe biológica de Marquinhos.
“Ela veio me abraçou e disse: ‘ah, meu filho querido, que bom te ver’ e foi muito emocionante”, diz Marquinhos.
O transplante aconteceu em outubro de 2014. Marquinhos passou 45 dias internado e nunca desanimou. O quarto do hospital virou uma academia. “Você fica mais disposto, você fica preso na cama, só deitado ou sentado, essas coisas não fazem bem”, afirma Marquinhos.
Mas o transplante não curou o câncer. Agora, ele está recebendo transfusões de células saudáveis da mãe.
“Nós fizemos uma primeira transfusão e teve uma resposta, até agora parcial. Nós não temos total controle ainda da doença. E está programada mais duas outras infusões, como mandam os protocolos internacionais”, explica o hematologista Eurípedes Ferreira.
O Fantástico acompanhou a hora que ele foi para casa mais uma vez, aproveitar mais um intervalo do tratamento. “Eu sou muito grato por ter essa oportunidade de estar lutando todo dia, de ter a oportunidade de acordar todo dia e lutar contra essa doença”, diz Marquinhos.
Por recomendação dos médicos, Marcos ainda não pode passear muito, ir a lugares onde tem muita gente, com a imunidade mais baixa, é melhor ele ficar em casa, e é por isso que o Fantástico foi até lá conversar com eles e mostrar a primeira comemoração, que só podia ser em família, com toda a família.
“É muito bom ter toda a minha família, que a família aumentou, tenho as minhas mamães. Tudo muito rápido, mas tudo muito bom também”, diz Marquinhos
Nos próximos dias, Marquinhos vai voltar para o hospital, para mais uma fase do tratamento.
“Eu como mãe, a gente sempre chora, fica emocionado. Ele é um menino guerreiro. Deus vai nos dar a vitória”, diz Eliete.