Após nova investida contra a Câmara Municipal, vereadores de Campo Grande se disseram indignados e rebateram o prefeito Alcides Bernal, do PP. O chefe do Executivo assinou ontem 'pacotão' de vetos, que foram publicados no Diário Oficial. Um dos mais revoltados, Paulo Siufi chegou a afirmar que Bernal 'não presta'.
O vereador Edil Albuquerque, do PTB, por exemplo, afirmou que as alegações feitas pelo prefeito são 'chula' e não há argumentos consistentes no embasamento dos vetos. "A alegação dele é chula, não tem o que defender. Não há técnica, não há referência, e no veto ele não fala nada", dispara.
O vereador Paulo Siufi, do PMDB, afirmou que não ficou surpreso com os vetos. "Ele vetou um projeto dele mesmo, esperar o que dele? Ele mesmo vetou o aumento dos servidores que ele próprio havia encaminhado. Vejo que há uma falta de sintonia e harmonia e nadamos contra a correnteza. Ele mesmo vetou o projeto do vereador [Cazuza] que fala que é amigo".
E continuou, "esse prefeito não presta, só para locutor de rádio. A população cansou do desprezo e da falta de planejamento. Mesmo sem chuva tinha buraco abrindo, imagina agora que caiu essa chuvinha. Ele não fez o mandato dele e teve tempo suficiente para isso. Isso não é executar é brincar com as pessoas. As pessoas não estão em primeiro lugar, ele é falacioso e mentiroso", disparou.
Com projetos vetados
O candidato a prefeito de Campo Grande, vereador Marcos Alex, do PT, que teve dois projetos vetados disse que a missão é derrubar o veto. "Nós vamos ter que derrubar, essa é a única forma. Ele não tem compromisso social com ninguém", comentou.
Alex teve o projeto vetado que previa instalar um ponto de táxi em eventos. "Coloca um ponto de táxi a meia quadra, ou uma quadra a disposição para as pessoas. É um projeto que custa nada e não entendo porque foi vetado".
Outro prevê o Cheque Moradia destina as famílias campo-grandenses. "Tem quatro milhões parados no Fundo de Habitação e Investimento Social. Porque não pega esse dinheiro e empresta para as pessoas poderem construir ou melhorar as suas casas. Por exemplo, pinta um quarto para a netinha que vai chegar, esse dinheiro ajuda. Vejo que isso é um atraso para Campo Grande. E o cara vai lá e veta".
O vereador Carlos Augusto, do PSB, também teve projeto vetado, um que previa a instalação de sinalização em pontos de alagamentos. "Ele vetou um projeto meu que informa os pontos de alagamentos. Por exemplo, ali perto do Terminal Nova Bahia, a alagamento chegou até na porta do carro. Teve outro fato que eu tive que salvar uma mulher na Marques de Erval em que a água chegou no carro também e ele vetou esse projeto".
Além dele, o prefeito ainda vetou um outro projeto polêmico, do vereador Cazuza, do PP, que previa ‘Furar’ sinal vermelho na madrugada, entre as 23h e 5h. Em parecer emitido pela Agetran, o município reconhece a preocupação dos vereadores com a incidência de assaltos, principalmente, em horários avançados e nos locais onde há radares instalados, mas destaca tratar-se de uma prerrogativa dos órgãos federais de trânsito.
“O objeto do referido projeto de lei está entre as competências privativas da União, não podendo ser matéria a ser legislada no âmbito municipal, pois não é objeto exclusivo de interesse local. Visto desse modo, constata-se que o que define e caracteriza interesse local é a preponderância do interesse do Município sobre o do Estado ou da União”, pontua. Assim, a multa para quem avançar o sinal nestes horários permanece e é considerada infração gravíssima.
E outro foi o vereador José Chadid, do PSDB, que previa o Dia Municipal da Educação Especial. Na sequência, o prefeito Alcides Bernal vetou o projeto de lei que institui o dia municipal da educação especial em Campo Grande, a ser comemorado em 30 de março. O feriado ocorreria em alusão à assinatura do protocolo da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ocorrido em 2007, na ONU (Organização das Nações Unidas), em Nova Iorque, EUA.
Apesar de considerar importante se comemorar “a consolidação de um sistema educacional inclusivo, no entendimento que ele se organiza por conjunto de ações que envolvem: discussão sobre as condições estruturais da escola; formação de professores; participação da comunidade escolar e da família”, o prefeito afirma que a proposta é inconstitucional, contraria a legislação federal e é contrária ao interesse público.