Empresário executa esposa para não dividir bens

A Polícia Civil indiciou o empresário Horácio Rozendo de Araújo Neto, de 35 anos, pela morte da esposa, a representante comercial Vanessa Camargo, de 28, grávida de 3 meses, em Ivolândia, região central de Goiás. O inquérito foi entregue à Justiça nesta quinta-feira (5). Apesar dele negar envolvimento e afirmar que a vítima foi assassinada por assaltantes com tiro na cabeça, a corporação refuta a versão e se embasar em provas periciais e contradições em oitivas para apontá-lo como autor do crime.

Além do homicídio, Horácio também deve responder por aborto e por posse de munição de uso restrito, uma vez que durante cumprimento de mandado de busca e apreensão, em sua casa, foram localizadas munições de dois calibres sem documentação. Ele está preso e se for condenado pode pegar uma pena de até 39 anos.

Ao G1, o advogado Palmestron Cabral, que representa Horácio, disse que o empresário não é o autor do crime e criticou o trabalho da polícia. "A defesa continua a sustentar que os indícios levantados pela polícia são frágeis e insuficientes para confirmar a autoria", afirmou.

Vanessa foi morta no dia 31 de julho em uma estrada vicinal da cidade. Na ocasião, o empresário disse que viajava de carro com a mulher e o filho do casal, de 2 anos, quando foram abordados por dois homens em uma moto. O esposo, que dirigia o veículo, parou e um dos suspeitos assumiu a direção. Ele disse em depoimento que a vítima discutiu com o rapaz e levou um tiro na cabeça e reforçou a tese durante a reconstituição do crime.

No entanto, o delegado Ramon Queiroz, responsável pelo caso, disse que a perícia constatou diversas incongruências entre o relato dele e o que de fato aconteceu.

"O laudo constatou que ela foi morta em posição de repouso, sem qualquer indicação que teria discutido com o atirador. Isso contradiz a versão da briga, corroborada pela posição de respingos de sangue na porta do veículo e o local onde o projétil foi encontrado. Além disso, a perícia confirmou que o empresário não estava no banco traseiro", explicou ao G1.

GPS

No dia do crime, a família havia saído de Iporá, também na região central do estado, onde morava, com destino a Goiânia para compromissos profissionais. O delegado pontuou que a análise do GPS dos celulares do casal foi fundamental para desconstruir a história passada por Horácio.

Segundo Queiroz, a análise do aparelho confirmou que a família saiu de casa às 5h31 e que o veículo parou no local onde houve o crime às 7h08. Ele destaca que o tempo é muito maior que o normal para fazer o trajeto.

"Nós refizemos exatamente o mesmo caminho duas vezes com velocidades menores da que foi apontada por ele. Em uma, levamos 25 minutos a menos. Na outra, 30 minutos. Provavelmente, esse é o tempo que ele teria usado para cometer o crime", detalha.

Motivação

O responsável pelo caso acredita que Horácio cometeu o homicídio por dois motivos: por não aceitar o fim do relacionamento, já que Vanessa teria comentado da ideia de se separar, e por não querer dividir o patrimônio em um provável divórcio.

"Não acreditamos que o crime não tenha qualquer relação com questões extraconjugais, pois ela era muito séria e respeitava o marido. Um exame de DNA também confirmou que Horácio era o pai da filha que Vanessa esperava, diferentemente de boatos que surgiram afirmando o contrário", pontua.

Na questão financeira, a polícia encontrou dois documentos que podem ter servido de motivação para o assassinato. No mesmo cômodo onde estavam as munições, havia uma apólice de seguro no nome da representante comercial no valor de R$ 86 mil, cujos beneficiários eram Horácio e o filho.

Além disso, um contrato de seguro de vida, ligado ao emprego da vítima, no valor de R$ 300 mil, também dava direitos ao marido de receber metade da quantia. O restante seria divido entre o filho e uma irmã de Vanessa.

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