Em ano eleitoral, aval e decisão de Puccinelli geram expectativas

Sem cargo, porém dono de um “mandato invisível” o ex-governador André Puccinelli é o nome mais esperado para “pisar no salão” do “baile eleitoral”. Ele que já foi prefeito da Capital, mesmo que não se declare é considerado pré-candidato pelo PMDB – e seria inclusive o “candidato dos sonhos” do partido e “do pesadelo dos adversários”. Mesmo que não seja unanimidade é certo que ele ainda arrebanha não só votos, como também influencia política.

Entre os aliados seu nome é unânime. “Com ele na disputa transforma tudo. Foi o melhor da história de Campo Grande. A cidade vai viver no próximo mandato uma gestão de erro zero, depois dessa mudança trágica com o Bernal. Vai precisar de alguém que conhece de verdade o Poder Público e tem serviços prestados”, diz o deputado estadual Eduardo Rocha (PMDB).

Outro deputado estadual, que nas próximas semanas irá se filiar ao partido, e já colocou o seu nome à disposição para concorrer nas eleições de 2016 para prefeito de Campo Grande, afirma que uma decisão de André Puccinelli nesse sentido mudaria tudo, inclusive no PMDB. “Se ele aceitar a candidatura muda tudo. É o grande nome da política aqui e indiscutivelmente um nome que o PMDB inteiro abraçaria”, destaca Márcio Fernandes.

O vereador Paulo Siufi é também pré-candidato a prefeito pelo PMDB e afirma que o partido tem grandes nomes, mas o de Puccinelli se sobressai. “Quem anda nos bairros sabe que os nossos ex-prefeitos do PMDB são lembrados até hoje pelo que fizeram. O carinho é grande pelo Nelsinho, mas se tem um homem que mudou radicalmente Campo Grande foi o André”, lembra.

O presidente do partido, deputado estadual Junior Mochi ainda espera o aval do “chefe”. “Estamos trabalhando sem contar com o nome dele, como o próprio nos pediu. Mas se isso for verdade seria uma notícia, ou melhor a melhor que poderíamos receber. Sem dúvida ele traria aglutinação, união e ótima perspectiva para todo nós do PMDB e resolveria muitas de indefinições”, elogia.

Em outro partido e também pré-candidato à prefeitura da Capital, o suplente de deputado estadual Coronel Davi (PT do B) reconhece a força do “padrinho político”. “Se ele entrar, aí muita gente saí de cena”, acredita.

Ex-aliados se dividem quando o nome de ex-prefeito entra em cena

O PSB, que ganhou evidência durante mandatos de Puccinelli como governador e administrador municipal, se divide quando é colocada em questão a chance dele concorrer à prefeitura. “Com ele na campanha a capacidade de agregar é muito grande e o potencial de mudança positiva nem se fala. A cidade precisa de um choque de gestão. Muitos pré-candidatos até desistiriam para apoiá-lo”, diz, o vereador Carlão, presidente do partido em Campo Grande.

Na regional do PSB a resposta para a candidatura de Puccinelli é no entanto outra. “É um grande candidato caso venha a decidir, embora para mim tenha garantido que não concorre a prefeito de Campo Grande. Para o PSB não muda em nada e teremos candidato próprio, que inclusive já foi escolhido e é muito bom”, relata a deputada federal Teresa Cristina, presidente da sigla no Mato Grosso do Sul e que até 2014 foi secretária de Estado de Desenvolvimento Agrário, da Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo.

O pré-candidato do partido, o médico Ricardo Ayache tem opinião parecida, mas não acredita que Puccinelli sairá candidato. “Eu não acredito que ele, o André Puccinelli seja candidato e que vá mudar de ideia, mas se isso ocorrer sinceramente não vejo mudança e interferência alguma nos meus planos”, aponta.

Ao ser questionado sobre uma possível coligação, Ayache é contundente. “Sobre coligação, isso também não traz impacto e intenção neste sentido. Quem quer ganhar para servir a população, não escolhe adversário”.
Otávio Trad, do PT do B, sigla que também sempre esteve na base política de Puccinelli segue na mesma linha de Teresa Cristina. “Por muitos anos o meu partido ficou na sombra e nesta eleição passará por um divisor de aguas. Ou se torna protagonista e disputa, ou apoia algum dos nomes de peso que sairão por outras legendas. Gostaria que a nossa decisão dependesse da gente”, cita.

André diz que parceria com PSDB seria algo possível neste ano 

Considerado o “grande nome” de disputas, André deixou o governo do Estado dando a posse a Reinaldo Azambuja (PSDB) após estar 16 anos à frente do executivo, sendo oito à frente do Executivo Municipal quando fez sucessor o ex-prefeito Nelsinho Trad (PTB) e depois mais quatro no Executivo Estadual quando não conseguiu fazer seu sucessor. André também amargou em 2012 a derrota do então pupilo Edson Giroto (PR) que perdeu as eleições no segundo turno para Alcides Bernal (PP).

Sempre deixando claro que quer sim continuar na política, André se divide entre afirmar que só em 2018, quando disputaria novamente o governo do Estado e ser “vovôtorista” como ele diz. Ao ser questionado se em março viria uma nova definição, Puccinelli sai pela tangente.

“O PMDB terá candidato próprio, o noms estão entre Paulo Siufi, Carlos Marun, Senador Moka, Marcio Fernandes e Carla Stephanini”, aponta sem responder a pergunta.

Sobre uma futura parceria com o PSDB novamente, para fazer frente a outros candidatos, ele é taxativo, só se o PSDB aceitasse a ser vice. Claro que o PSDB poderia indicar o vice e assim reestabelecermos a antiga parceria”, declara.

Sobre “o nome da vez” Ricardo Ayache, o líder partidário dá menos abertura. “Somente poderia o Ayache ter o nosso apoio em um eventual segundo turno em que não estivéssemos. De toda forma o PMDB terá candidato no primeiro turno. Fora disto são meras especulações”, garante.

“Ele é bananeira que já deu cacho”, diz petista

Adversário ferrenho de André, o ex-governador, ex-vereador e agora deputado federal Zeca do PT não poupa críticas ao histórico “inimigo” político. “Não vou me envolver nesses debates, mas se por um acaso ele resolver ser candidato, não muda absolutamente nada”, declara. Apesar da frase iniciar, Zeca vai além. “O que deve ser pensado e é o que vamos buscar é um projeto que melhore a nossa cidade Campo Grande que está feia, toda esburacada. Tem que elaborar um projeto pensando nisso, em melhorias para a população da Capital”, declarou ele que afirmou em recente entrevista que desistiu da candidatura para apoiar o médico Ricardo Ayache (PSB) que foi candidato derrotado ao senado pelo PT.

Zeca lembra ainda a disputa de 1996, há vinte anos, quando ele perdeu as eleições para Puccinelli por 411 votos gerando uma rixa histórica. “A minha disputa com ele já foi há anos atrás e não tem por que ter novamente. Eu não irei mudar de ideia e não acredito que ele vá. Isso tudo é balão de ensaio para dar mídia. O André é uma bananeira que já deu cacho”, desdenhou.

A reportagem tentou contato com os pré-candidatos do PSDB que não retornaram as ligações. O pré-candidato Nelsinho Trad (PTB) não respondeu às perguntas enviadas via aplicativo de mensagens e o também pré-candidato Marquinhos Trad (ainda no PMDB) também não atendeu às ligações.
 

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