Informar a localização de barreiras policiais e de fiscalização de trânsito pode virar crime em todo o país. É o que pretende um projeto de lei do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Rio Grande do Sul encaminhado à Câmara do Deputados, em Brasília. A proposta prevê até prisão a quem avisa sobre blitze na internet.
"Esse é um grande prejuízo da sociedade. A sociedade que exige uma série de medidas para a segurança do trânsito, alguns dos integrantes prestam um desserviço social, comunicando para o infrator, o mal feitor do trânsito, o próprio delinquente que naquele local tem uma fiscalização de trânsito", ressalta o diretor geral do Detran, Ildo Mário Szinvelski.
A Brigada Militar apoia o projeto de lei. "Nossas barreiras, não só nesses casos, também pegam criminosos que também se valem dessas ferramentas para escolher a melhor rota para fugir da Brigada e da polícia", observa o comandante de policiamento de Porto Alegre, tenente-coronel Mario Ikeda.
O projeto, que prevê multa ou prisão de até dois anos, divide opiniões. A diretora de uma escola, Jussara Pires, defende a proposta. Diz que é um "crime" a divulgação das barreiras. "Porque não respeita o ser humano, não respeita aquele que pratica direitinho, acompanha a velocidade de acordo com o exigido."
A vendedora de seguros, Caren Moraes, é da mesma opinião. "Aquela pessoa que bebeu vai acabar desviando da blitz e, de repente, naquele desvio pode pegar alguém, não é? Pode cometer algum acidente. Então, eu acho justo."
Já o microempresário Uiliam Escobar discorda do projeto. "Sou absolutamente contra, porque eles não podem interferir na vida particular, não deixa de ser uma particularidade tua. O Detran não tem esse poder e nenhum órgão do governo teria esse poder." Entende que o órgão deveria se preocupar mais com a educação no trânsito. "A preocupação deles de fazer blitz a gente sabe qual é, de arrecadar fundos."
O gestor Lucas Marques também é contra. "Tem muitas outras coisas que deveriam se tornar crime, esse tipo de coisa é uma informação que acho que é valida, não é problema."