A segunda fase da operação Lama Asfáltica apontou que o dinheiro desviado de obras públicas, em Mato Grosso do Sul, foi usado para a compra de 67 mil hectares de imóveis rurais em pelo menos sete municípios do estado e em São Paulo. Segundo a Polícia Federal (PF), houve a comprovação de desvio de R$ 44 milhões e o percentual de prejuízo, em cada obra, é de 25%.
Essa segunda fase da operação, deflagrada nesta terça-feira (10), apurou o patrimônio dos envolvidos no esquema de desvio de dinheiro de obras no estado. Até o momento, 24 pessoas são investigadas entre políticos, empresários e familiares de políticos. Do total, 13 são servidores públicos.
De acordo com o delegado da Receita Federal, Flávio de Barros Cunha, o grupo fazia principalmente a sonegação e lavagem de dinheiro, além da ocultação e dissimulação de bens. As propriedades foram adquiridas em Aquidauana, Figueirão, Anastácio, Jaraguari, Miranda, Porto Murtinho, interior de São Paulo, entre outros municípios.
“Pessoas de extrema confiança dos investigados recebiam doações ou empréstimos. Esses valores eram declarados e baseados em distribuição de lucros de empresas recém-criadas por eles”, explicou Cunha.
O delegado ainda afirmou que diversas empresas recém-criadas, principalmente de pequeno porte, chegavam a distribuir 80% do lucro. “Não há atividade nenhuma que distribua tanto lucro aos seus sócios. Isso é uma forma clara de lavagem de dinheiro. Existia ainda a simulação de contratos e até a locação de máquinas de engenharia, tendo o conluio dos investigados”, pontuou.
O delegado-chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR), Cléo Mazzotti, ressaltou que todo o material apreendido nesta terça-feira será analisado com celeridade. “Já temos material comprobatório e altos valores de dinheiro em espécie”, enfatizou.
Os 15 presos permanecem em prisão temporária por cinco dias. Segundo Mazzotti, há indícios fortes de que a organização criminosa contou com a ajuda de servidores. “Eles faziam a facilitação de contrato, supervalorização e pagavam serviços não efetuados”, pontuou.