Uma delação premiada do pacote da Odebrechet ameaça a liberdade do ex-senador e ex-petista Delcídio do Amaral. O ex-presidente da Braskem Carlos Fadigas contou, em um dos quatro anexos de sua delação, como repassou 500 000 reais ao ex-líder do governo Dilma em troca de “apoio” na aprovação do PRS 72/2010, que favoreceu a empresa em questões ligadas ao ICMS.
Também há e-mails sobre o caso, em que Delcídio é tratado como “Ferrari”. O problema para o ex-senador é que a negociata não consta da sua própria delação. Se ficar provado que escondeu isso, pode deixar sua fazenda de gado e voltar para trás das grades.
PF EVITA NOVOS ACORDOS
Representantes da Polícia Federal têm agido nos bastidores para evitar novos acordos de delação premiada no âmbito da operação Lava Jato. O movimento acontece precisamente quando a delação da empreiteira Odebrecht entra na reta final, mencionando integrantes da cúpula do PMDB e o próprio presidente, Michel Temer. Oficialmente, a PF nega qualquer influência do governo.
A versão oficial é de que os dois anos e sete meses de operação já renderam material suficiente para as investigações. Além disso, membros da PF alegam que novos acordos de delação aumentariam a sensação de impunidade da população.
Conforme reportagem da Folha de S.Paulo, em conversas reservadas, "pessoas ligadas a Odebrecht afirmam que a posição da PF contra delação premiada teria relação com algum movimento do governo de Michel Temer, já que integrantes da cúpula do PMDB, incluindo o presidente, são mencionados no acordo com a empreiteira. A PF, porém, nega qualquer diálogo ou influência do governo".
"A opinião da PF sobre o tema acirra a divergência da instituição com a Procuradoria-Geral da República.
A relação entre os dois lados, que nunca foi de proximidade, tornou-se mais distante após a assinatura da delação premiada do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró em novembro do ano passado.
A polícia no Paraná soube pela imprensa, por exemplo, que o ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) havia sido preso, naquele mesmo mês, por propor um plano de fuga para Cerveró."