Os advogados de Adélio argumentaram no pedido que o cliente "padecia de enfermidade mental" no momento do crime ou, então, "possui a incrível e fantástica capacidade de comunicar-se com o criador celestial". O agressor de Bolsonaro, em depoimentos dados à Justiça e à Polícia Federal (PF), afirmou ter agido sozinho e "a mando de Deus".
Os advogados de Adélio informaram que protocolaram na segunda-feira (10) a solicitação de incidente de insanidade mental. Se o pedido for aceito pela Justiça, Adélio será submetido a exames psiquiátricos para análise sobre sua sanidade mental e sobre como uma eventual insanidade pode ter levado à tentativa de homicídio praticada contra Bolsonaro na última quinta-feira, em Juiz de Fora. Constatadas a loucura e a influência da loucura no ato criminoso, a Justiça poderá decretar a inimputabilidade e absolvição do agressor.
No pedido, os advogados de Adélio sugerem uma análise sobre inimputabilidade, semi-imputabilidade ou imputabilidade do agressor, conforme previsto no Código de Processo Penal. "Objetiva-se que seja o investigado submetido a exame de sanidade mental para fins de análise e constatação do real estado de sua higidez mental no momento da ação criminosa", argumentam.
O agressor de Bolsonaro foi transferido para Campo Grande no último sábado (8). O candidato está internado no Hospital Alberto Einstein, em São Paulo, depois de levar a facada e de passar por um procedimento cirúrgico na Santa Casa em Juiz de Fora.
Os advogados apontam "substanciais dúvidas sobre a integridade mental de Adélio", após os depoimentos que ele prestou à PF (veja abaixo). Segundo eles, o agressor fez uso permanente de medicamentos de uso controlado, de tarja preta, e tem um histórico de consultas com médicos psiquiatras e neurologistas. "Como se não bastasse, relatou também que fora submetido, em várias ocasiões, a acompanhamento cuja responsabilidade ficou a cargo de médico psiquiatra em virtude de problemas relacionados ao sono e às crises nervosas", citam na petição.
O aspecto "nômade" dos últimos anos de Adélio impede a apresentação de documentos que comprovem a insanidade mental, conforme os advogados. "Todavia, a extravagância, audácia e barbárie da atitude criminosa, insana e síncope de Adélio Bispo de Oliveira estão a balizar a realização de exame psiquiátrico tendente a imiscuir-se nas veredas da saúde mental do citado investigado."
A defesa reproduz no pedido uma afirmação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho de Jair Bolsonaro, de que a conduta do agressor "não é algo racional". Os advogados querem que a Justiça aceite um psiquiatra indicado por eles como perito no processo e que o advogado Zanone Manuel de Oliveira seja nomeado como curador. Os advogados pedem que o psiquiatra tenha acesso a Adélio no presídio federal.
Por enquanto, a perícia realizada nos aparelhos celulares de Adélio, além do seu depoimento e de testemunahs que tiveram contato com ele endossam a versão de que agiu sozinho.