Cunha e Chinaglia falam em vitória. Mas Dilma já perdeu

A briga foi grande, vai se arrastar pela madrugada e por todo o domingo e não há ainda indícios de que acabará bem para o Palácio do Planalto. Neste sábado, os dois principais candidatos à presidência da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT) e Eduardo Cunha (PMDB), ambos governistas por filiação partidária, mas antagônicos na cena política, usaram seus trunfos em busca de votos. Foram dezenas de reuniões, cafés, eventos para recepcionar os 198 deputados novatos em Brasília – e até um chá da tarde para as esposas na capital federal. Deputados ouviram ofertas de cargos na máquina pública, no caso do petista, ou o comando de comissões, no caso do rival, e coincidentemente as mesmas promessas corporativistas de aumento de salário e das verbas de gabinete – ou pelo menos de um gabinete mais espaçoso no ano que vem. 

Na tarde de sábado, circularam versões similares sobre um acordo em gestação na sala do ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais), o articulador político de Dilma Rousseff, segundo o qual Cunha presidiria a Casa agora, em função da quilometragem da campanha, e Chinaglia o sucederia em 2017. Aliados de ambos espalharam a notícia sempre atribuindo a autoria do acordo de rodízio à candidatura adversária. Oficialmente, ninguém topou. 

As bancadas mais cortejadas na última hora foram as do PR e do PP. Ambas comandam ministérios importantes e de cofres cheios, conforme a previsão do Orçamento da União: o PR pilota a pasta dos Transportes, e o PP, a de Integração Nacional. Porém, as siglas formalizaram que seguirão caminhos opostos: o PR apoia Chinaglia, e o PP, vai de Eduardo Cunha.

Os dois veteranos de Congresso colocaram em curso uma articulação para tentar captar votos no “varejo” – leia-se: de deputados que vão contrariar a orientação dos seus partidos no voto secreto. É nisso que ambos apostam na reta final. E são esses votos que vão decidir a eleição. Numa disputa imprevisível, a única constatação uniforme é que, seja qual for o resultado, o governo Dilma Rousseff terá sérias dificuldades para domar sua base em 2015.

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