O Banco Central (BC) elevou, nesta quarta-feira, a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano, em decisão unânime e amplamente esperada pelo mercado. Com isso, a taxa atingiu o maior patamar desde janeiro de 2009. "Avaliando o cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 p.p., para 12,75% a.a., sem viés.", informou o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC.
Pesquisa feita com economistas pela Reuters mostrou que quase todos os analistas já aguardavam uma alta de 0,5 ponto da taxa básica de juros, diante do cenário de inflação elevada. Apenas cinco dos 48 economistas consultados esperavam um aumento menor, de 0,25 ponto percentual, principalmente devido ao risco de que os juros altos desacelerem ainda mais a economia.
No fim de outubro, o Copom deu início ao atual ciclo de aperto monetário ao elevar a Selic em 0,25 ponto percentual, em decisão surpreendente e que contou com apoio de todos os membros do comitê. No encontro de dezembro, o Copom acelerou o ritmo e elevou a taxa em 0,5 ponto percentual, elevando novamente a Selic em 0,5 ponto percentual na reunião de janeiro.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 28 e 29 de abril de 2015.
No relatório semanal Focus, a mediana das expectativas dos economistas ouvidos pelo BC aponta para uma Selic em 13% ao fim deste ano – antes era esperada 12,75%. Já para a inflação, medida pelo IPCA, as estimativas apontam para 7,47% em 2015, também acima do esperado na semana anterior (7,33%).
Repercussão – Segundo o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molan, o comunicado desta quarta leva o mercado a precificar outra alta de 50 pontos para a próxima reunião. "A manutenção do comunicado deixa o Copom… bastante livre para tomar qualquer decisão em função dos dados que surgirem ao longo do caminho", disse Molan. Ele prevê esta alta, no entanto, como a última do atual ciclo de aperto monetário e estima que Selic começará a cair a partir do quarto trimestre.
O BC tem repetido que vai fazer o que for necessário para conter o avanço dos preços, com a inflação ultrapassando o teto da meta oficial – de 4,5%, com margem de dois pontos porcentuais para mais ou para menos.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 1,24% em janeiro, chegando a 7,14% em 12 meses encerrados no primeiro mês do ano. O dado referente ao mês passado será divulgado na sexta-feira. Pesquisa feita pela Reuters mostra que a inflação deve ter subido 1,08% em fevereiro e 7,54% nos 12 meses até fevereiro.
O fator dólar – A recente alta do dólar tem pressionado os preços e é um dos fatores observados pelo BC. Em fevereiro, a moeda norte-americana subiu 6,19%, acumulando alta de 27,56% em seis meses. Algumas das recentes medidas de ajuste fiscal adotadas pelo governo também tendem a pressionar a inflação no curto prazo, por incluírem aumento de tributos.
No entanto, essas ações têm sido bem recebidas pelos agentes econômicos porque visam colocar as contas públicas em ordem e resgatar a confiança no país.
O BC tem reforçado que a recente alta do dólar e dos preços administrados são os principais fatores que continuam pressionando a inflação. Mas coloca muitas fichas na nova política fiscal e vê a inflação começando a convergir para o centro da meta em 2016.
Economistas de instituições financeiras preveem que a taxa de juros vai subir mais 0,25 ponto porcentual em abril, ficando em 13% até o fim do ano, segundo pesquisa Focus do BC. Para 2016, a estimativa é que a Selic encerre o ano em 11,5%.
(Da redação de VEJA.com)